terça-feira, 22 de julho de 2008

Não mata mas mói

Nem todas as dores são desastres, são choros compulsivos, são desgostos profundos. Algumas são apenas aquele suspiro ao fim do dia, aquela dúvida impronunciável, aquele encostar melancólico da cabeça no vidro no comboio. São as pequenas dores:


A tua pequena dor
quase nem sequer te dói
é só um ligeiro ardor
que não mata mas que mói

É uma dor pequenina
quase como se não fosse
é como uma tangerina
tem um sumo agridoce

De onde vem essa dor
se a causa não se vê ?
se não é por desamor
então é uma dor de quê?

Não exponhas essa dor
é preciosa, é só tua
não a mostres tem pudor
é o lado oculto da lua

Não é vicío nem costume
deve ser inquietação
não a nada que a arrume
dentro do teu coração

Certo é ser a dor de quem
não se dá por satisfeito
não a mates guarda-a bem
guardada no fundo do peito...

Cabeças no Ar

2 comentários:

Anónimo disse...

oh...como conheço esse encostar a cabeça no vidro do comboio... ***

Marta disse...

e o suspiro ao fim do dia.. muito bonito...!