Às vezes saio fora de mim e quero voltar para casa. Quero casar e ter um bebé, levá-lo a ver os meus pais ao fim-de-semana. Quero dizer bom dia, todos os dias, ao senhor do café.
Em raros momentos reflexão, penso em mim como uma pessoa cheia de calma e rotinas. Penso na minha casa algures no centro de Lisboa e como andarei sempre de metro. Penso que se for menino será Francisco, se for menina não sei. Penso que terei uma mesa comprida na sala para caber muita gente. Penso no meu trabalho das 9 às 5 e em passeios familiares ao domingo no jardim da estrela ou em Belém. Férias no Algarve, compras semanais no Pingo Doce.
Às vezes imagino a vida com esse ritmo certo. Mais ou menos racional. Cronológico. Talvez uma vez por ano férias no estrangeiro. Ou se a crise apertar muito um fim-de-semana no Alentejo. Os miúdos podem ficar com os meus pais, ou com os dele - sim, porque passado uns anos virá o segundo filho, uma menina cujo o nome, por essa altura, já saberei.
E eu vou fazer lanchinhos para levar para a escola e vou estar sempre cansada mas feliz.
Às vezes penso nestas coisas. Que são sempre a vida dos outros. Mesmo quando penso sobre mim, é a vida dos outros. E no entanto, por segundos, sinto um apelo por essa reconfortante ordem das coisas, repetida há séculos, há milénios, pela humanidade. Deve ser bom sentir que se está a fazer a coisa certa.
5 comentários:
Mas alguma vez sabes se estás mesmo a fazer a coisa certa?
exacto... é completamente impossível. eu não sei. já experimentei o tempo do trabalho certinho com tudo o resto a correr bem, e agora quero mudar...
não lhe chames Francisco, coitado. depois ou é Chico (da estrebaria), ou é "Francisco" à Cascais :P ahaha
gosto de chico e de francisco. cisco é que não :P
Estou mesmo a ver, a menina a passear um kiko pela Lapa!
Enviar um comentário