domingo, 5 de dezembro de 2010

Acreditar

Tenho uma assustadora capacidade de acreditar. Tenho sempre esperança que as coisas sejam o que muitas vezes não são. Que sejam como eu gostaria. E acreditar é coisa que dá trabalho, luta, esforço.
Quando vejo que os outros não se deram ao trabalho de lutar tanto quanto eu por algo que acreditam, fico furiosa. Quando se deixam morrer como uma planta que não foi regada, quero dizer-lhes que não valem nada. Plantas podres desde a raíz. Fracos. Quero dizer isso tudo mas não posso. Porque isso seria mesquinho da minha parte, não é?
Quero dizer que os sentimentos, tal como as convicções, não são só para quando dá jeito ou quando é facil. E de cada vez que alguém desiste me sinto profundamente desiludida. Não "alguém", alguém específico, claro. Alguém que dá desculpas de plantas não regadas para esconder fraqueza. Eu, que por vezes me sinto estúpida por ser tão crente, entendo em breves momentos de sanidade, que não tenho mais que me orgulhar da força dos meus sentimentos, da lealdade, da firme certeza.
Não podemos impedir que os outros nos desiludam - nem mesmo ao ponto de nos fazerem duvidar de toda a humanidade - mas devemos a nós próprios admitir que antes desiludidos que fracos.

3 comentários:

Fátima disse...

também prefiro dizer que estou desiludida em vez de fraca...

Sofia Rodrigues disse...

Isso é tão verdade...

Rui Coelho disse...

hoje escondemo-nos, amanhã somos napoleão. há dias e pessoas e vidas e tudo é diferente e inconstante, incluíndo conceitos como esses de força e fraqueza.