quarta-feira, 29 de junho de 2011

O mais jovem país do mundo

Dia 9 de Julho o Sudão vai dividir-se em dois. O Sudão do Sul será, então, a mais recente nação do mundo. E é quase inimaginável o tanto que há para fazer num país que é apenas terra e gente - nem se sabe ao certo o tamanho da população. É necessário construir do zero, criar uma sociedade literalmente desde o início. A ideia é tão estranha para mim... é como olhar para o início de um jogo de Sims City, sem orçamento e com muitos fogos para apagar. Por onde começar?
Depois de décadas de guerra, o Sudão merece vingar e prosperar. Por isso dia 9 de Julho vou estar a fazer figas por um futuro melhor.

Um coração com cinco assoalhadas

Na cabeça, a gente sabe, cabe tudo. "O saber não ocupa o lugar", diz-se. O mesmo não se pode dizer do coração. Ok, as mães garantem: amam-se os filhos por igual, o amor multiplica-se a cada nascimento. Certo. Mas a maternidade é uma coisa bíblica e podem esperar-se milagres. Para tudo o resto não sei, não.
Um amor pode consumir todo o espaço habitável num coração de tamanho médio. Tudo o resto torna-se um pequeno afecto, comparado com a intensidade daquele sentimento. Tudo desce um lugar na hierarquia.
Esse tipo de excesso sentimental tende a abrandar com o tempo. A arrumar-se, dobrar-se como as camisolas nas gavetas, apertar-se para fazer espaço. Porque as paixões assolapadas têm muito ar e com o tempo, ou se esvaziam ou se tornam em maravilhoso sumo concentrado.
Mas depois há aqueles sentimentos que são como erva daninha. Uma mistura de mágoas, receios, traumas, memórias, amor-ódio e nostalgia. São sentimentos que ficam por lá, restos moribundos que ainda assim nunca morrem. E ocupam espaço. Talvez não ocupem um espaço imenso. Mas ocupam o suficiente para impedir outros de vingar. E infectam tudo aquilo em que tocam. Por isso é que precisamos de um coração XXL. Grande.

É que já temos uma relação tão próxima

Quando me perguntam se estou nervosa por ir para Macau eu tenho respondido que não. Mas na verdade uma angustiante dúvida não me deixa dormir: e se não há Primark? Não sei se consigo viver com isso.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Tanta gente a falar dos acidentes na estrada, a propósito do que aconteceu ao Angélico, mas a verdade é que daqui a um mês já ninguém se lembra. Eu nem sei dizer quantas vezes fui gozada por dizer a alguém que está a conduzir muito depressa. Em Portugal é extremamente cool conduzir depressa. Quem não o faz é totó. E eu sempre me irritei com esse critério absolutamente ridículo que definide a masculinidade lusa.
Agora falam todos dos mortos na estrada mas quando chega a hora de ir para trás do volante voltam às mesmas ultrapassagens e velocidades, sentindo-se muita garanhões com o pé no acelerador.

domingo, 26 de junho de 2011

Macau Sâm Assi

Fazendo de tudo para não trabalhar no que é preciso, descobri esta pequena maravilha: existe em Macau um dialecto, uma mistura de cantonês com português chamado Patuá. Esta música antiga, que faz parte já do foclore nacional, depois de ter estado no top nos anos 50, foi recuperada recentemente. O videoclip, além de muito engraçado, mostra umas imagens bem catitas da cidade e dá voz a essa estranha língua que tanto nos permite perceber frases inteiras como dizer "HEIN?"

Com legendas em mandarim, português e inglês.

Rui TavaresGate

O voto mais convicto que dei até hoje foi ao Rui Tavares para o Parlamento Europeu. Lia sempre as crónicas dele no Público e sentia que realmente conhecia as suas ideias e convicções - com as quais concordava. Gostava mesmo dele. Por isso quando se apresentou como candidato independente pelo BE não hesitei em votar.
Agora que Rui Tavares se desvinculou do BE, não deixo de ler com atenção os seus motivos. Depois de muita polémica e acusações de coisas como de ser "o carrasco do povo Líbio", aqui está a resposta dele às muitas questões que têm sido levantadas sobre este assunto.
Por mim reforço a minha confiança no seu trabalho. E retiro-a um pouco mais do BE, que sempre achei que fazia uma oposição corajosa e pertinente. Not so much lately...
Dois anos de muita aprendizagem - e pronta para continuar! - fizeram-me entender melhor quem sou. Defini mais a minha personalidade e aquilo que quero. E percebi de uma vez por todas que não tenho mais paciência para betos, snobs, "não gosto da comida", queques da linha ou de outro sítio qualquer. Cansei de vez de gente que nunca se senta no chão e torce o nariz a um sotaque estrangeiro. Fartei-me dos "você", dos "que horror!", dos roupa de marca, dos que "não se misturam". Misturar é o meu lema.
Decidi assumir de uma vez por todas a pessoa que sou: alguém que dispensa bilhetes para zonas vips disto e daquilo, festas brancas, azuis ou amarelas e não tem pachorra para DJs. Alguém para quem umas férias de sonho não são num hotel xpto numa praia paradisíaca.
Durante muito tempo tentei integrar-me, entender, fazer parte. Até ter percebido que não vale a pena. Cada um com a sua tribo.

Piratas!

Ver a partir dos 2.50! Filme passado em Macau. You can't trust a Portuguese ;)

Depois de passar uma hora a ver fotos de Macau no Flickr

Acho que preciso de uma lomo.

sábado, 25 de junho de 2011

Coisas que quero fazer em Portugal

- Ir ao Santini
- Ir aos pastéis de Belém
- Ir ao Bairro Alto
- Esplanadar no Noobai/ Adamastor
- Esplanadar no CIA e/ou Avencas
- Ir ao cinema
- Ir à praia
- Comer caracóis
- Ir ao Japonês

Preciso de companhia. Inscrevam-se já.

Abençoada internet

Encontra-se de tudo. Usei o segundo e terceiro e funciona mesmo.
Não sou uma grande crente no casamento porque me parece que as pessoas passam a vida inteira a fazer concessões para que ninguém esteja infeliz mas no fim nenhum dos dois é 100% feliz.

As minhas grandes frustrações britânicas

Estou há quase dois anos na ilha e não acredito que nunca fui:
- Ao Fringe (Edinburgh Festival)
- A Glastonbury (a decorrer - dor no coração)
- A Stonehenge no solstício de verão (fui noutra altura, mas não tem nada a ver)

Quando penso nisto todos os músculos no meu corpo se contorcem em profunda agonia.

21 de Junho

O dia 21 de Junho já teve imensa importância para mim. Porque foi um dia em que eu tirei um colarzinho do pescoço e o ofereci de prenda de anos. E durante muito tempo esse colarzinho de criança andou enrolado num pulso querido.
E eu quando penso nisso tenho saudades dessa inocência e dessas primeiras borboletas na barriga. Nunca nada volta a ser assim.

Chico-espertos ao poder

Eu andei aqui na dúvida se havia de comentar esta coisa de o novo governo voar em classe económica. Não é que ache mal. Acho muito bem. Mas também acho que se estava a dar muita importância a uma coisa unicamente simbólica. Não é esse o mal do Estado nem é aí que se vão poupar milhões... Mas depois também não queria ser daquelas pessoas que criticam tudo, "preso pro ter cão, preso por não ter".
Ora que hoje vejo isto: Passos Coelho não pagou bilhete de ida e volta a Bruxelas. A TAP dispensa os ministros e secretários de Estado de qualquer despesa em deslocações oficiais.
Portanto... era só para fazer vista. Genial. Começamos bem.

Preciso tanto de férias

Só quero usar chinelos pelo menos durante uma semana.
Pronto, dois dias.
Uma tarde?

Estou tão cansada. E gorda. Como é que estas duas coisas não se anulam é que eu não sei.

A questão é:

Se eu não tenho amigos com quem sair e nem sequer está sol, porque é que não consigo começar de uma vez por todas o trabalho que tenho para fazer? Para o qual - atenção - me ofereci.
Já tomei o pequeno almoço, já fui buscar um café, já prendi o cabelo: porquê? Porquê ó sangue procrastinador? O que é que me impede de ser produtiva?

Começo a achar que é genético. Maldito sejas, Portugal!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Se é pra casar, é pra ser assim!

Brutalíssimo. Porra, até funguei no fim.
Tenho saudades de ir ao cinema.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Não suporto pessoas que me tentam envagelizar. Pior que isso só as que me querem convencer da minha inferioridade de descrente - e nem sequer muito convicta. Porque não deixa de ser curioso que a esmagadora maioria destas pessoas sejam vermes humanos sem carácter.

Vocês não estão a perceber

Há uma máquina Nespresso na minha casa. Quando a vi larguei um berro “de onde é que isto veio??”. Ninguém me respondeu. Mais tarde ouvi os meus dois flatmates (chefs!!) reclamar da “porcaria” da máquina (acho que foi uma oferta). Mais tarde, encontro a terceira flatmate na cozinha e falo da máquina – ela diz-me que não gosta de café.

Ando eu a beber café solúvel, a ofender repetidamente as minhas raízes, e esta gente cospe assim na Nespresso? Aquilo veio com uma data de cápsulas. Se calhar devia mas é bebê-las eu.

Guilty pleasure literário

(Fiz uma lista de autores/ livros que quero ler. As minhas próximas compras virão dessa lista. Mas antes disso é preciso dar conta dos que já tenho.)

Olhei para os livros que tinha para ler. Penchinchas compradas em Hay-on-Wye, prendas, etc. O Jack Kerouac à minha espera, ali, e eu que semre digo que é o meu próximo livro. O Drácula caído num canto depois de me terem dito que é difícil de ler e até um tanto chato.

Pego no Kerouac. Pouso o Kerouac, pensando que será uma boa leitura de viagem. E da estante retiro o meu guilty pleasure literário: Agatha Christie. O meu primeiro de sempre sem Poirot – vamos lá ver se não foi um erro crasso. “Partners in Crime”. Esfrego as mãos de contentamento.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Mudar de apelido antes do tempo*

Depois de ler este post, pus-me a pensar nesta coisa do "nós". Eu percebo que ao fim de algum tempo de convivência as pessoas formem uma espécie de dupla. Um casal. Mas uma coisa é incluir a cara-metade nos nossos planos, outra coisa é assumir que ela É os nossos planos.
Posso simplesmente ainda não ter chegado a essa fase da vida, mas juro que não percebo essa coisa de assumir que pessoa X é sempre a nossa companhia para o cinema, para um concerto, para uma viagem, um jantar, etc. Nós existimos como seres individuais primeiro, não? Não gostamos sempre das mesmas coisas e não queremos estar com a mesma pessoa 24 horas por dia - digo eu. Não temos que andar sempre aos pares e muito menos precisamos da companhia de uma pessoa para justificar as nossas acções.
Depois quando se separam dão conta que não têm ninguém com quem ir ao cinema, jantar, viajar ou ir a um concerto. Pior: dão conta que fazer essas coisas com outras pessoas não faz sentido.

*Eu aliás acho que ninguém devia mudar o apelido por casar.

Stonehenge no solstício

Há quase um ano tínhamos decidido: passaremos o solstício de Verão em Stonehenge. Mas depois, mimimi, ai agora estou aqui e não posso, e passei o dia a adiantar trabalho - apesar de estar de folga.
As fotos deixam-me descompensada. O que eu não dava para ter estado aqui.

Eu sei que é verão em todo o lado

Mas ainda assim, sentada neste café acolhedor, com música ambiente agradável e vista para as torres góticas da universidade de Glasgow, olho para a chuva que cai la fora e não consigo deixar de pensar como é isto bonito.
Eu gosto de estações. Gosto do inverno e tudo o que vem com ele e gosto de chegar a Maio/Junho e entrar no verão e gozar as suas vantagens. Por isso tenho reclamado do tempo, porque agora já chega de inverno, pronto. Tenho saudades do verão. Mas não posso negar que há qualquer coisa de profundamente poético neste verde, nesta arquitectura, na chuva miudinha que cai perante uma cidade que transborda história. É esta a beleza do Reino Unido, um país com um passado tão rico que permeia o presente, onde as pessoas transportam identidades diversas mas ainda assim unidas. E onde esta chuva miudinha bate sempre, sempre, insistindo em pintar tudo de verde.
Aqui, onde todos os policiais e livros de suspanse poderiam ser escritos, há uma aura misteriosa. E como me disse uma vez um senhor simpático "People still smile when it's rainning". E é mesmo verdade.

Gaia power

No outro dia, conversa puxa conversa com uns clientes no restaurante, o rapaz diz "Eu morei em Portugal". E não é que falava português, um escocês a falar português! Português de Portugal! Nunca vi tal coisa! E falava assim com os "ch" e os "j" acentuados, um amor.
Pois bem, o rapaz morou no Porto. "Ah é uma linda cidade" digo eu, pronunciando bem todas as palavras. Ao que ele responde "Sim, mas eu gosto mesmo é de Vila Nova de Gaia". Aaaa... como? Pisco os olhos com um ar incrédulo. "Sabe que há grande competição entre o Porto e Gaia?". "Sim, sim, mas eu gosto mais de Gaia".
Ora aí está. Contra isto não tenho nada a dizer. Não me meto em nortices.

domingo, 19 de junho de 2011

I'll be watching you

Isto é o que dá cantalorar músicas desde a infância e nunca prestar atenção à letra.
Hoje ouvia calmamente a Caderneta de Cromos quando descubro que a famosíssima canção dos Police "Every Breath You Take" tem como temática um gajo psicopata, obcecado com uma rapariga. Foi o próprio Sting que o disse, afirmando que quando escreveu a letra estava a pensar no 1984 George Orwell.
É pá, mas caramba, escusavam de ter posto uma música tão fofinha. Engana.
Espero com isto não estar a destruir lembranças românticas de ninguém, pois bem sei como esta música era a rainha dos slows dos anos 90, juntamente com "Everything I do I do it for you" do Bryan Adams.



Every breath you take
Every move you make
Every bond you break
Every step you take
I'll be watching you

Every single day
Every word you say
Every game you play
Every night you stay
I'll be watching you

O can't you see
You belong to me
How my poor heart aches with every step you take

Realmente... como é que nunca reparei nisto.

Double standard

Se há coisa que detesto e acho o cúmulo da pirosada são tunas e trajes académicos.
No entanto... mal posso esperar por usar o meu graduation gown!

P.S. Tenho dois bilhetes para a cerimónia, se alguém quiser vir a Cardiff ;)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Considerações sobre o novo governo

- Não posso crer que o Paulo Portas é Ministro dos Negócios Estrangeiros - uma pasta que considero da maior importância. Mas desde quando é que uma pessoa absolutamente tacanha e hiper-conservadora é a mais indicada para lidar com líderes mundiais?...de outros países, que falam outras línguas, com diferentes culturas, religiões, formas de estar... Diria que é preciso uma certa... mundividência.

- Paula Teixeira da Cruz na Justiça parece-me bem, confesso.

- Nuno Crato também não me parece mal, mas admito que só o ouvi falar de Matemática (e eu nunca gostei de Matemática). Não sei como será como Ministro da Educação, mas pior não pode fazer. É uma boa altura para impressionar as hostes.

- A nova ministra da Agricultura, Ambiente e Ordenamento parece ter a minha idade. Mas afinal tem 36 anos. Deve ter andado na escola com o novo ministro da Solidariedade e Segurança Social - este até concordo que seja jovem, pois a empreitada é tal, que só com energia é que lá vamos...

- Um dia sugeri que fizéssemos manchete com o Aguiar-Branco, numa altura em que ele teve próximo de ganhar as eleições do PSD. Uma determinada pessoa armada em esperta deu uma gargalhada maldosa e disse "nunca na vida!". Toma que agora é ministro.

- Cadê o Ministério da Cultura? Sumiu mesmo? Pensei que era só ameaça.

- Ministro da pasta mais importante dos tempos que correm, a das Finanças: Vítor Gaspar. Quem?


Ver lista completa aqui.

If you know what I mean

Às vezes penso que devia começar a fumar. Por motivos estéticos.

Quem diz Grécia diz Portugal

Interessante. Fácil de perceber e um tanto aterrador. Greek debt crisis: they key questions answered.

Q: Greece has already received a rescue package, so why is there still a crisis?

Greece was handed a €110bn (£95bn) bailout deal just over a year ago. That was agreed after the financial markets lost faith in the country's ability to repay its debts, forcing European leaders and the International Monetary Fund (IMF) to step in and guarantee funding for the next few years. In return, Greece committed to wide-ranging public-sector cutbacks to bring its deficit into line.

But, just a year on, the picture has turned bleak: the austerity programme has hurt economic growth and sent unemployment up sharply. Greece has missed some of the financial targets agreed in return for the bailout, triggering another round of cuts.