Jornalista que é jornalista, na minha geração, cresceu a ouvir falar de dois marcos da profissão: o jornal Independente e a revista Grande Reportagem. Estes dois títulos são uma espécie de Sá Carneiro do jornalismo: aquele sim, é que era, uma coisa a sério!
Eu, que nunca li nenhum dos dois, passo a vida a ouvir referências em entrevistas e comentários. Como o Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso eram audazes na produção de um jornal irreverente, que pisou o risco mais que uma vez, perseguiu Cavaco Silva, derrubou nomes, elevou outros, toda a gente lia, uma revolução. E depois temos a Grande Reportagem, mais recente, pela qual Miguel Sousa Tavares ainda suspira, sendo pretexto - vejam só! - para elogiar até Fernanda Câncio, pois em tão magnífica publicação não havia espaço para conflitos mesquinhos, ali só havia grandes profissionais. "Jornalismo profundo", li um destes sobre a revista.
E eu, que sou da era dos gratuitos, da internet, do jornalismo fast food, dos editores que reforçam a ideia que as pessoas "se cansam" de ler mais que duas colunas de texto, continuo a não perceber. Se estes dois projectos foram, de facto, um falhanço, inadaptados à mudança dos tempos, então que sejam enterrados, que não se lhes dê um pódio. Se não é esse o caso - e desconfio que não seja -, se eram realmente Bons, se eram um exemplo do que é Bom Jornalismo, então porque é que continuamos a fazer porcaria? Se já temos a receita certa, é só pô-la em prática, não?
3 comentários:
Mas isso infelizmente não é só no jornalismo.
É mais fácil juntar pó e leite do que cozer batatas e ainda as triturar para fazer puré. No final comem-se na mesma, e com o tempero de um molho qualquer a maioria das pessoas nem nota a diferença.
fome (dieta)
(fome II, dieta II)
não sei o que se passa pela cabeça das pessoas hoje em dia. toda a gente quer é jornais online, mas depois quando sai uma boa reportagem toda a gente bate palmas. tá tudo parvo.
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