O Guardian, sempre na linha da frente, lançou esta semana uma ideia que permite agilizar o seu trabalho envolvendo os leitores - algo que, se não me engano, já tinha feito para o caso wikileaks.
Não sei se o tópico está a ser falado em Portugal, mas aqui é uma das notícias mais quentes: o Estado do Alaska tornou públicos 24.000 emails de Sara Palin, enquanto Governadora da Califórnia. Um jornalista - se a memória não me falha, o director da revista Mother Jones - requisitou estes emails quando Palin foi lançada como vice de McCain durante a campanha presidencial, ao abrigo do Freedom of Information Act. A coisa demorou anos, sofreu múltiplos atrasos, uns 2000 emails foram "censurados", a revista teve que pagar pelas fotocópias (e não foi barato), mas aqui estão os emails! E como dizia esse jornalista, talvez venham mesmo a jeito para a próxima campanha - perdeu-se um timing mas talvez se ganhe outro.
Tendo em conta a quantidade de documentos, o Guardian decidiu disponibilizar todo o conteúdo aos seus leitores, pedindo-lhes que assinalem os emails que lhes parecerem mais interessantes, suspeitos, ou que mereçam atenção. Desta forma o jornal, que obviamente tem na mesma jornalistas a trabalhar só nisto noite e dia, torna o processo de selecção muito mais rápido, envolvendo os leitores no processo de criação de conteúdo. Uma modelo que me parece transparente e saudável.
Eu tenho estado a acompanhar o caso com bastante interesse, mas não me parece que me vá pôr a ler os originais. No entanto gosto de saber que estão lá, e é provável que após ler um artigo sobre o assunto, vá espreitar um ou outro email. Quem estiver interessado, basta ir aqui.
3 comentários:
Por um lado é uma forma de interacção com os leitores disponibilizando de forma transparente os e-mails todos, por outro é uma forma de despekar fardos de palha e processá-los de forma mais rápida com os mesmos recursos. (Agora vou ser chicoteada)É como se o correio da manhã juntasse todas as histórias de apunhalamentos, assaltos e idoso que vivem sozinhos de todas as terriolas do país e pedisse aos leitores para seleccionar as mais chocantes para saírem no jornal.
Acho de louvar que queiram integrar a opinião dos leitores, mas neste caso concreto acho escusado. Haverá informação irrelevante, e a aleatoriedade dos e-mails de quem os lê descontextualizados pode levar a conclusões erradas.
mas os assuntos não saem obrigatoriamente pq os leitores escolhem. os leitores ajudam a seleccionar. é apenas isso. é como teres alguéma dizer "olha aí na página 785 parece que há algo interessante". o jornalista chegaria lá daqui a 2 meses e assim chega em dois dias.
atenção que qq pessoa pode requisitar estes documentos, eles são do domínio público.
acho engraçada essa cooperação entre público e jornalistas, numa altura em que as pessoas querem tanto participar no chamado "jornalismo de cidadão", ou lá como se chama. gostei da ideia
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