domingo, 30 de dezembro de 2007
O melhor de 2007
Ainda tenho os óculos com pintinhas das lágrimas comovidas que acompanharam a minha leitura. Foram casamentos, aniversários, filhos que nasceram, concertos espectaculares, viagens, passeios, amores encontrados. Pequenos grandes momentos.
Fiquei comovida ao ver... como as pessoas ainda são tão felizes. Como ainda sabem valorizar e acarinhar a vida que têm. Foi tão bom ler as pessoas, para variar. Ler-lhes as palavras com adverbios de modo a mais, adjectivos repetidos e frases longas. Apetece-me copiá-los a todos, aos pequenos textos. Tantos filhos que nasceram e inundaram a vida dos pais de uma felicidade que eu ainda não posso alcançar. Os 90 anos do avô, o "demos o nó", o "descobri Portugal na companhia da Ana", o "fui à minimaratona", o "contemplar o amanhacer da minha janela". Tantas alegrias.
Não diria que 2007 foi o meu ano, ou que foi um ano especialmente feliz ou emocionante. Mas foi o ano em que, com uma certa insegurança, acabei o curso. Foi o ano em que me estreei no mundo agitado da rádio. Mas principalmente - e correndo o risco da lamechisse - foi o ano em que comemorei um ano de namoro com o Pedro. Um ano que resistiu a 5 cinco meses de distancia sem um arranhão. Um ano de mundança de casa, mudança de cidade, um ano de descobertas felizes. Um ano de emoções extremas.
Tenho a certeza que este foi o maior acontecimento do meu ano, porque mesmo sem promessas ou palavras eu tive a certeza do "tudo". É este o tudo que quero para o resto da minha vida. É este o "tudo" que me faz tão feliz como andar nas nuvens. Este ano foi um teste que passou com distinção. (Aqui tens o teu balanço, uns meses atrasado).
E por isso faço minhas as palavras do Rui Pedro Rodrigues, um dos leitores do Público:
"O momento mais feliz do meu 2007 és tu. Só podia! Todo o ano inteirinho que vivemos juntos, completo e perfeito como qualquer ano partilhado contigo. O tanto que fizemos e vimos juntos. A cada momento, cada brincadeira, cada viagem, cada risada, cada carinho. Poderia até ter sido apenas mais um ano para riscar no calendário da vida, mas contigo nunca seria assim. Nem nunca será. Nem Euromilhões, nem lotarias, nem viagens à volta do mundo, nem mesmo um concerto do José Cid. Nada disso poderia ser comparado a ti, e ao que significas para mim. O melhor do mundo, de 2007, de sempre, somos e seremos NÓS!"
sábado, 29 de dezembro de 2007
O melhor que o mundo civilizado conseguiu dizer de Portugal durante 2007...
"Turismo de Portugal faz campanha com José Mourinho e, parece, seis ou sete figurantes contratados para fazerem de portugueses simpáticos" (The Economist, 8/12/2007)
"Famosa caveira cravejada de diamantes pode ser de Maddie, Damien Hirst pode ser 'arguido' da PJ hoje mesmo" (News of the World, 2/10/2007)
"Portugal, Galiza, Andaluzia, País Basco e Catalunha satisfeitos com esforço autonómico de Zapatero" (New York Times, 8/12/2007)
"País de raptores de crianças recebe ditador Mugabe" (The Sun, 19/12/2007)
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Who Hates Whom
O autor deste livro - Bob Harris - não é exactamente um expert na matéria, e por isso o livro tem o ponto de vista do "olhar comum" e não de um analista ou politólogo. Por isso mesmo Harris escreveu uma introdução onde explica os seus pontos de partida, as opções que faz ao longo do livro, e até mesmo a forma como foi criado (fez os mapas no seu computador em casa e tudo). Não consigo resistir a transcrever uma parte deste pequeno texto inicial:
"I avoid the word terrorism, for moral and clarity reasons. For one, its common useage - violence against civilians by non-state actors as an absolute evil - subtly implies that officially sanctioned carnage is somehow more legit. Eek. Whether an air force blows up your village or rebels bomb it from ground level, the objectives and results are the same. (The UN definition makes no distinction between state and non-state terror, but popular usage does. No wonder governments like the word.)
Terrorist is also distorted simply to mean "enemy". Nepalese Maoists were "terrorists" right up until they helped abolish an abusive monarchy. They're now the prime minister's cabinet during a peacefull transition to democracy. While Nelson Mandela was fighting apartheid, the White House deemed his party "terrorist", but an anti-Castro militant accused of involvement in killing seventy-three civilians on a Cuban airliner went to work for Oliver North. And when rebels in Sierra Leone were hacking off people's arms specifically in order to terrify people, the word was rarely even suggested, although you couldn't ask for a more precise example. Even Amnesty International used terrorism to refer only to Al Qaeda, wich may have benefited from the blood diamond trade.
Worse, the word obliterates distinctions. "Terrorists" in Lebanon, Sri Lanka, Spain, and Peru almost sound like they're teammates, but they have literally nothing in common. Tossing complex, violent agendas into a giant bin called terrorism is both lazy and dangerous. Instead, let's force ourselves to use specifics: "nationalist rebels", or "drug-financed paramilitary death squads" or "sex-crazed vegetarian pacifists". Speaking of wich, not enough sex-crazed vegetarian pacifists are invading people. I checked.
Everyone knows how horrible 9-11 was. We don't minimize it by refusing to use a meaningless word. Instead, we force ourselves to think. This may be a usefull habit."
Para reflectir.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
domingo, 23 de dezembro de 2007
"Só gostas dos teus amigos"
É uma frase bastante democrática já que não se prende a estatutos sociais, raça ou religião. Basta ter uma mãe (ou equivalente): "Só gostas dos teus amigos", frase geralmente acompanhada de um ar sacrificado e infeliz, de progenitora que deu a vida pelos filhos e agora foi traída. Claro que esta frase pode ter variantes, tais como "Só és simpática para os teus amigos", "Só gostas de sair com os teus amigos" ou "Se fossem os teus amigos a dizer que era giro compravas logo".
Esta frase típica maternal esta carregada de intenções maliciosas. Remorsos. Tipo "Coitadinha de mim que dei a vida e agora preferes esses ranhosos mal vestidos do que eu". Fico fora de mim porque não suporto vitimizações e poses à coitadinha. Mas admito que isto funciona com muita gente, e confesso, também já funcionou comigo.
No outro dia, numa aula de espanhol onde só somos raparigas, de várias idades, dei-me conta que o tema "mãe" deu para reclamações tais, que a professora já não podia com a tagarelice. E todas reclamavam da chantagem emocional dos pais. Devo dizer que até me senti confortada por, afinal, não ser a única que se debate com estas questões.
E fiquei a pensar: será que "Só gostas dos teus amigos" é uma condição essencial da maternidade? Iremos todos nós (vamos lá incluir os futuros papás também) chantagear os nossos filhos com esta fatídica frase? Estarão os filhos eternamente condenados?
(reflexões um tanto inúteis e nada natalícias)
sábado, 22 de dezembro de 2007
Feliz Natal
Mas lá no fundo, lá no fundo, gostamos da lareira acessa, das caras conhecidas e dos presentes com embrulhos coloridos.
Por isso, para todos (até para os que resmungam durante todo o mês de Dezembro), um Feliz Natal!
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Crónicas de comer e chorar por mais
e nós lá gaguejavamos o nome predicativo do sujeito, cheios de dúvidas, a hesitar. O professor escolhia um pêlo, desprezando-nos
- Nunca hás-de ser ninguém na vida
e o facto do nome predicativo do sujeito me impedir de ser alguém na vida preocupava-me. Que raio de importância tão grande o nome do predicativo do sujeito tem? Ou o ramal da Beira Baixa? Ou os afluentes da margem esquerda do Tejo? Meu Deus a quantidade de coisas que existem entre mim e o meu futuro. Outras frustrações: não usar óculos, nunca ter partido uma perna. Aparelho para os dentes sim, o que me compensava um bocadinho.
(...)
- Estás a olhar para ontem, idiota?
E é verdade, estou a olhar para ontem, sempre olhei para ontem. Até o amanhã é ontem às vezes. Charlie Parker interrompeu uma vez uma gravação, atirando com o saxofone, a gritar
- Já toquei isto amanhã
e ninguém foi capaz de convencê-lo a continuar. Como eu o compreendo, como às vezes sinto
- Já escrevi isto amanhã
e rasgo tudo. Um trabalho difícil, quase tão difícil como viver. Acho que não sei viver. Acho que não sei viver? Acho que não sei viver como os outros vivem. Que dias os meus, repletos de suspresas, de mistérios. De espantos. Sou um saloio: não há montra de loja que não me encante, sobretudo as lojinhas minúsculas de certos bairros, mercearias, roupas, brinquedos. Apetece-me logo comprar vassouras, aipo, um macaco de corda, a camisa mais feia que descobri na montra. A beleza das coisas feias fascina-me. O seu ar de desamparo, coitadas. (...)"
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Cheirava a papel de jornal amachucado e tinha aspecto de algodão doce quentinho. Uma perfeita contradição. Mas se isso te incomodava, nunca soube. Guardavas os comentários só para ti. Eu observava-te descaradamente e tu nem te importavas. Que audácia, pensava eu.
Um dia cruzámo-nos no corredor e disseste-me convictamente: "Está combinado". E partir daí esperei pacientemente pelo dia em que me ias contar a história do princípio ao fim. Já estava cansada de juntar pedacinhos, fica sempre a faltar aquele bocado preenchido pela cola, ínfimos espacinhos em branco que podem fazer a diferença.
Fiquei convencida que sim. Até ires embora. Em segredo, sem dizer adeus. Fiquei indignada, e zanguei-me com as memórias. Promessas, promessas...
Mas depois passou um dia, passaram dois. A estação mudou, o sol voltou a inundar as ruas. E então percebi.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Estagiários
Se os depoimentos dos alunos despertaram em mim aquela pequena angústia, aquilo que o Pedro Coelho disse foi direitinho ao ponto:
"Pedro Coelho é jornalista da SIC e professor do departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Nova de Lisboa desde Outubro de 2006. O primeiro contacto que teve com o lado da formação académica deu-lhe mais certezas acerca das causas do problema. As universidades são, para o jornalista, das principais culpadas.
“Eu acho que as faculdades começam por ser as grandes responsáveis pela quantidade de gente que há”, considera. Pedro Coelho aponta a existência de um número descontrolado de cursos e a falta de componentes práticas como as raízes do problema. “Há faculdades a mais, há cursos a mais e há impreparação enorme ao nível do ponto de vista técnico pelas faculdades”, diz. Por outro lado, acrescenta, “se o mercado não recebe tanta gente, não faz sentido que estejamos a despejar centenas de licenciados todos os anos”.
As críticas por parte dos estudantes ao carácter excessivamente teórico das licenciaturas é recorrente. E esta é uma questão que Pedro Coelho conhece de perto. “Sei como os estagiários chegam às redacções: do ponto de vista prático completamente mal preparados”, diz. Acrescenta, “se num curso de Ciências da Comunicação, 70% dos alunos quer ser jornalista, não percebo como é que a faculdade permanece de olhos fechados. Não entendo!”.
O reforço actual em cursos de jornalismo de carácter teórico acaba por formar profissionais sem sentido prático da profissão. Como refere Coelho, “na redacção ninguém nos pergunta nada sobre o Habermas mas perguntam-nos se sabemos fazer uma notícia. E se calhar nós sabemos muito sobre o Habermas mas depois não sabemos nada sobre as regras básicas do discurso jornalístico.“
Segundo o Jornalista e professor, para triunfar “agora os estudantes precisam de ser brilhantes ou ter uma excelente cunha”. Mas além das críticas que aponta às instituições de ensino, Pedro Coelho não deixa de sublinhar o actual clima de inércia dos estudantes de jornalismo. “Acho que os alunos estão muito à espera que a realidade lhes caia no colo”.
Se quiserem ler mais é só clicar em http://www.fcsh.unl.pt/cadeiras/plataforma/foralinha/cyber/www/default.asp?edicao=00&sec=241
domingo, 9 de dezembro de 2007
O Grinch que há em mim
Só há uma coisa que eu não suporto: Pais Natal trepadores. São horrendos e pegam-se como uma epidemia. O ano passado a moda atingiu o seu apogeu, mas este ano continua a dar o ar da sua graça.
Racionalmente eu sei que é uma decoração como as outras e que não tem mal nenhum, mas não consigo evitar, odeio-os. Que ideia estúpida essa, de pôr um Pai Natal de plástico a trepar pelas varandas, como se fosse assaltar a casa. Parece que a cidade foi atacada por ladrões vestidos de vermelho. Depois chove e faz vento e eles ali, ridículos e amachucados. Mas o pior são mesmo os pequeninos (infelizmente não encontrei uma foto para ilustrar esses). Sabem, aqueles que são três Pais Natal mini a subir por uma corda presa do lado de fora da janela? Que sentido é que isso tem? O Pai Natal, que eu saiba, é como a mãe: só há um. Será que é por serem pequeninos? Três Pais Natal mini equivalem a um grande? A mim fazem-me ter a sensação que a casa está a ser atacada por uma infestação de baratas.
Pronto, já desabafei. É este o meu odiozinho de Natal.
O Ponto do i errou
Não é que eu ache que isto é aceitável, mas não é a tragédia que eu pensava. Seja como for, o artigo do Público não estava nada claro...
Tive oportunidade de ver o Sr. Jardim a falar sobre isso e poria o video aqui, se estivesse no youtube, mas infelizmente não está.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Censura em Portugal? Nãaaao!
"O Governo Regional da Madeira decidiu "deixar de gastar dinheiro com a imprensa do continente". Segundo Alberto João Jardim, trata-se de "uma das medidas saudáveis que foram tomadas na administração pública regional, face ao garrote financeiro partidário, imposto pelos socialistas a partir de Lisboa". O anúncio é feito em post scriptum a um texto assinado por Alberto João Jardim, transcrito do programa do Governo Regional que o presidente vem publicando, por capítulos, como artigo de opinião no Jornal da Madeira. Ao proibir a assinatura da "imprensa do continente", porque "é dinheiro mal gasto", Jardim abre duas "excepções: O Diabo, "por motivo de solidariedade editorial", e o Expresso, "por ser o resumo semanal dos principais disparates do rectângulo".O Governo madeirense está a ser investigado pela Procuradoria da República pelo pagamento ao semanário O Diabo de "publicidade que não existiu".Já em Agosto de 2003 o executivo regional decidiu privilegiar a assinatura do Jornal da Madeira entre a imprensa regional, e, "quanto aos jornais fora da região", condicionar a sua aquisição à prévia autorização por parte dos nove membros do Governo.Numa auditoria em que detectou pagamentos ilegais nos apoios do governo madeirense a órgãos de comunicação social, neste momento a serem investigados pelo Ministério Público, o Tribunal de Contas criticou a discricionariedade daquele despacho de Jardim que definia orientações para a aquisição de jornais. Este tribunal apurou que o executivo de Jardim gastou em 2005 quase cinco milhões de euros com o Jornal da Madeira, o único diário estatizado do país, onde o governante quase diariamente assina um página de opinião. (...) "
Aquela Pessoa
Antes não existia ninguém. Ou talvez existissem várias pessoas, um bocadinho para cada uma. Mas agora há Aquela Pessoa. É difícil encontrar alguém que nos explique a crise do Paquistão, ou que nos pergunte "Olha lá, o que achaste daquela história do Chavez?". Podemos viver anos, décadas, sem encontrar quem discuta em lusco-fusco a existência de Deus, ou o conceito de Amor. E quantos de nós têm a sorte de ter alguém a quem mandar uma mensagem sobre a paisagem que se vê do autocarro, sobre a forma como o nevoeiro envolve a vegetação? Quem conheça as ruas e os cantinhos da sua cidade e vos mostre como quem revela um tesouro?
Os dias passam enrolados uns nos outros e, por vezes, nem dou conta. Mas a verdade é que sei que plantei uma semente de ouro e agora as flores são douradas e valiosas.
Aquela Pessoa sabe que estou a rir mesmo sem olhar para a minha cara. E sabe que eu gosto de iluminações de natal citadinas. E de castanhas que deixam os dedos pretos. Mas também sabe que eu falo dessa forma encadeada, que pega os assuntos uns nos outros. Sabe e não se importa. E as conversas crescem e ramificam e às tantas já falámos do mundo inteiro e fazemos planos de o abraçar, numa vida de aventuras.
Eu penso nisto e sei que não podia ser mais feliz. Tenho a sorte de quem apanha um trevo de quatro folhas. Cada vez que abro o jornal, vejo um programa de televisão, ou um filme, o alarme soa. E só quero partilhar isso com Aquela Pessoa. É imediato. Podemos discutir isso durante dias, pode ser uma competição ou um desabafo, pode ser um "eu bem te disse" que faz rir.
É por isso que não há ninguém como Aquela Pessoa. Porque não podiam ser várias, só podia mesmo ser aquela. Aquela Pessoa que agora já pode sorrir para as fotografias.
sábado, 1 de dezembro de 2007
Políticos Sorridentes
As conclusões desta investigação referem que "oito em cada dez pessoas consideram que os sorrisos exibidos pelos políticos são quase todos falsos".
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
O que eu quero ser quando for grande
sobre o que eu queria ser um dia quando crescesse
Quero ser um marinheiro, sulcar o azul do mar
vaguear de porto em porto até um dia me cansar
quero ser um saltimbanco, saber truques e cantigas
ser um dos que sobe ao palco e encanta as raparigas
A sessôra chamou-me ao quadro e deixou-me descomposto
Ò menino atolambado, que gracinha de mau gosto
Lá fiz outra redacção, quero ser um funcionário
ser zeloso, ter patrão, deitar cedo e ter horário
ser um barquinho apagado sem prazer em navegar
humilde, bem comportado, sem fazer ondas no mar
A sessôra bateu palmas e deu-me muitos louvores
apontou-me como exemplo e passou-me com quinze valores
domingo, 25 de novembro de 2007
Quando for grande...
Com esses sonhos vem a angústia do ser mediano, do ser morno, do ser monótono. As dúvidas e os medos perseguem, alternam-se aos momentos de entusiasmo vibrante.
Mas, às vezes, no quentinho da cama ou num dia de chuva, as ambições esbatem-se. Há aquele passeio de mãos dadas, há aquele cheiro a pão quente, há aquele bebé encantadoramente sorridente. E por momentos há um suspiro. De olhos fechados vejo o quadriculado de molduras que encaixam umas nas outras como um mapa de sorrisos. Quero ter fotos na parede que me façam sorrir quando passo por elas, mesmo que entre apressada em casa. Quero ter sempre margaridas na jarra que está em cima da mesa. Quero contar histórias de encantar quando os meus filhos forem para a cama. E quero enche-los de cócegas, só para ouvir aquelas gargalhadas. Porque é que deixamos de rir assim? Quero que a palavra "amor" faça sempre os olhos de outra pessoa brilhar. Quero saber alguém de cor. Quero um jardim e amigos eternos. Quero que a senhora da mercearia me trate pelo nome. Quero que o Natal seja uma casa cheia a cheirar a doces. Com uma árvore de natal decorada a muitas mãos.
Isto tudo claro, vem e vai num segundo. Não sejamos caretas. O sucesso não se interessa por estas fraquezas.
sábado, 24 de novembro de 2007
Tagus, a cerveja heterossexual
Cheguei a casa e fui investigar. Não é que a Tagus lançou uma campanha publicitária assente na ideia de que é "uma cerveja para heterossexuais" ?!?! Isto não é só ofensivo e altamente discriminatório, é também estúpido. Ou acham que os homossexuais não bebem cerveja?
"Queremos colocar a marca no radar do consumidor. Com estas palavras, Sérgio Henrique Santos, director de planeamento estratégico da Lowe, justifica o título do manifesto «Assuma a sua heterosexualidade sem vergonha», criado pela agência para a Tagus". É pá......... Os heterossexuais, coitados, depois de terem sido alvo de tanta discriminação, devem, de facto, vestir a camisola e deixar de ter vergonha. Há de facto muitos straight guys que têm deixar de ter medo de se assumir. Têm que declarar a sua natureza e reinvindicar os direitos que lhes são velados devido às suas escolhas sexuais. Oh Deus...
Não consegui abrir a página oficial (http://www.orgulhohetero.com/), mas alguns sites que noticiam esta campanha do "Orgulho Hetero" (é mesmo assim que se chama) já reuniram um número considerável de comentários, na sua maioria indignados com esta ideia peregrina. Mesmo assim, há quem discorde:
"Curioso, esta gentinha que vem para aqui barafustar contra o orgulho hetero, mas nunguém os ouve piar aquando do triste espetáculo carnavalesco que é a marcha do orgulho gay. ambada de hipócritas e intelectualmente cobardes é o que são". Diz o senhor "hetero com orgulho".
Espero que os movimentos gay nem lhes passem cartão...
P.S. Já foi criado, em "resposta", um site com o mesmo nome, mas bem diferente. http://www.orgulhohetero.org/
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
A "diabólica" Rua Sésamo
Todos nós que crescemos nos anos oitenta e noventa sabemos de cor quem são o Becas e o Egas, o Monstro das Bolachas, o Poupas Amarelo, o Gualter, o Cocas... Aposto que já têm um sorriso nos lábios só de pensar. Quando comparamos a Rua Sésamo com os desenhos animados que se seguiram é fácil chegar à conclusão que nem os Power Ranger nem o Pokemon lhe chegavam aos calcanhares. A série chegou até a ser estudada por académicos e foi criada com a ajuda de psicólogos infantis, especialmente pensada para ser divertida e didática. E quem pode dizer que não era?
Agora leiam isto...
(...)"Los vídeos acaban de editarse en Estados Unidos con una advertencia: ?El contenido es para mayores y podría no ser apto para los niños de preescolar de hoy?.
En el primer episodio de Barrio Sésamo, que se emitió en noviembre de 1969, una niña se hacía amiga de un desconocido que la invitaba a su casa a comer leche con galletas, algo que, ante los continuos casos de pederastia, hoy sería inconcebible. También hay una escena en la que Epi le pide a Blas que le pase el jabón mientras está en la ducha. Hace ya tiempo que saltó la polémica sobre si los dos muñecos que vivían en un bajo algo cutre eran una pareja gay y por lo tanto peligrosos para los niños. ?Los telespectadores de hoy se han vuelto hipersensibles. Los guionistas de Barrio Sésamo no tenían segundas intenciones. Sus decisiones se tomaban de forma inocente, y sólo después han sido cuestionadas cuando han entrado en juego las guerras culturales. Su único condicionamiento era huir de la violencia y no escribir guiones que pusieran en peligro físico a los niños al copiarlos, como hacer un sketch en el que se pusieran un cubo en la cabeza y se golpearan?, explicó en la radio NPR Daniel Anderson, que asesoraba en los setenta al equipo de Barrio Sésamo y que hoy trabaja como psicólogo en la Universidad de Massachusetts."(...)
Bárbara Celis, in El País
Já não é a primeira vez que vejo uma coisa deste género. Uma vez vi um programa onde falavam de uma campanha do Jumbo para o Dia do Pai, há uns 10 anos. O cartaz era uma menina dos seus três anos, nua, envolta num laço vermelho, com um qualquer slogan sobre o dia festivo. Fez-vos impressão? A mim também. Mas há dez anos não fez a ninguém. O mais assustador é que esta "campanha do medo" entra mesmo nas nossas cabeças, estranha-se, assusta-nos.
O defeito não é da Rua Sésamo, que não traumatizou ninguém nem colocou criancinhas nas mãos dos pedófilos. O defeito só pode ser da sociedade moderna, hipocondríaca e paranóica. Hoje em dia o outro é o inimigo. Tudo representa um perigo. Tudo é maldoso, tudo tem uma intenção nefasta. Não estaremos a perder a fé na espécie humana?
Não será que "a maldade está nos olhos de quem vê"?
terça-feira, 20 de novembro de 2007
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
The ice hotel
Let's you and me go away to The Ice Hotel
The Caribean's all booked out
And that's just as well
Once I'd have been much keener
On Barbados or Antigua
But just now I think the artic will suit as well
Let's you and me go away
To the Ice Hotel
They've built it allwith the ice that's pure and clear
The sofas, the lobby
Even the chandeler
A thermostat guarantees
A steady minus five degrees
What other place could serve our needs so well
Let's you and me go away
To the Ice Hotel
Romantic places
Like Verona or Paris
They'll always lead you astray
You'd have to be a novice
To ever trust Venice
And those dreamy waterways
And what the tropics can do
I know only too well
So, let's you and me go away
To the Ice Hotel
Heavy clothing at all times
Is the expected norm
Even candlelight at dinner
Is considered too dangerously warm
And when the time comes for us to sleep
We'll spread out our reindeer fleece
And curl up together
On an ice block carved for two
But then in the morning
Provided we've made it through...
We'll step out together
To watch the sun rise over
That vast expanse of cold
And who knows if we're lucky
We may find ourselves talking
Of what the future may hold
This is no whim of the moment
I want you to realise
Let's go away
To that palace made of ice
Let's you and me go away to the ice hotel
The Bahamas are all booked out
And that's just as well
I don't think we're quite ready
For Hawaii or Tahiti
And we will be
Only time will tell
Let's you and me go away
To the Ice Hotel
Stacey Kent
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
O substituto
O pior é que ele pareceu muito mais sério e muito mais competente que eu. Ao menos que comentassem "Ah, ele não tem muito jeito, mas é bom rapaz. Temos saudades tuas". Mas nem isso. Parece que o moço se desenrasca bem. Nunca fui muito boa a "desenrascar-me", mas ando a trabalhar nisso.
Conheci-o num almoço da Renascença a que fui hoje. Foi um dia de sentimentos contraditórios. Mal entrei na redação (faltavam dez minutos para o noticiário), respirei de alívio por já não estar lá: confusão total, problemas, stress, correrias, gente mal encarada e a resmungar. Pouco depois esta sensação foi substituída por uma nostalgia que me beliscava a consciência. A reunião onde falaram do trabalho do dia seguinte deu-me vontade de dar palpites, vontade de voltar a fazer parte daquilo, de criar alguma coisa, de ir atrás da informação, dar-lhe uma forma e oferecê-la ao público. Enquanto esperava, sentada num cantinho da redacção, tive um desejo imenso de ser mais uma daquelas pessoas de auscultadores nos ouvidos, concentradas nas manchas verdes que o som faz no ecrã. Cerrei os punhos para resistir à tentação de atender os vários telefones que tocam em simultâneo, quase por implicância. Tive vontade de ler a agenda e fazer setinhas de lado no que achava mais importante, como era meu hábito.
Depois foi o almoço. O Lux de um lado e as empadas do outro, as conversas cruzam-se por entre as pessoas tão diferentes. E eu estava ali mas não estava. Era conhecida mas não era da família. Não era nem de fora nem de dentro. Houve discurso do editor (porque era o almoço que marcava o início deste novo turno, com um novo editor) e senti aquelas palavras como se também fossem para mim, apesar de não serem. Ri-me com as brincadeiras e preocupei-me com os problemas. Orgulhei-me da exigência, da justeza e da competência do "nosso" editor. Quis que aquilo também fosse meu.
No final, já em conversa a dois falei do que achei que devia e do que não devia. A luz de fim da tarde solta-me a língua. Puxa-me à sinceridade. Dá-me vontade de contar as irritações e as incertezas. Depois, quando já está escuro, sinto aquele remorso de falta de calculismo. Vou acabar a lavar escadas por causa disto, bem sei. A culpa foi daquela sobremesa.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Bons alunos improváveis
Mas não foi só por isso que fiquei orgulhosa. Tenho orgulho na humanidade quando alguém ousa fazer alguma coisa pelos outros, tem uma ideia audaciosa, sem esperar retribuição.
Pois aqui está: António Lança de Carvalho decidiu criar um prémio para os melhores alunos carenciados da sua freguesia. Tirou dinheiro do seu bolso e deu ao prémio o nome do pai, que se tornou advogado apesar de ser órfão de pai e mãe, criado por uma tia pobre e ter começado a trabalhar como serralheiro. Inspirado da história do pai, António quis ajudar alunos pobres com boas notas a prosseguirem os estudos.
"Pode parecer façanha pequena, mas ele reconhece que nalguns contextos têm que ser "campeões" para chegar ao fim do ensino obrigatório, especialmente com boas notas. Não é possível compará-los com meninos que saem das aulas e vão para explicações de tudo e mais alguma coisa e daí para o judo e para a natação. É um outro universo." [Catarina Gomes, Público]
Joana e Joceane receberam o Prémio de excelência e são da minha ex-secundaria, Fernando Lopes Graça. Houve mais alunos a receber prémios, apesar de elas terem sido as "vencedoras". O valor não é nada do outro mundo, 500 euros, mas deixou as alunas e famílias muito surpreendidas e felizes.
Para mim, que sempre estudei em escolas públicas, este tipo de iniciativa faz todo o sentido. É uma ilusão achar que os alunos têm todos as mesmas condições para aprender. Quem estudou em escolas públicas lembra-se, com certeza, de muitos colegas que faziam o dobro do esforço para serem bem sucedidos na escola. Não é uma questão de inteligência, mas de contexto. Muitas pessoas insistem em ignorar que não basta ir às aulas e estudar a lição. Há muitos alunos que não só não têm os meios materiais dos outros (o exemplo das explicações é gritante) como sentem que estão a sobrecarregar os pais, que têm que começar a trabalham mal possam. Vivem em famílias que valorizam pouco a educação ou então valorizam-na de uma forma distante. Um pouco como a União Europeia: é boa, mas não sabemos bem para quê. Dizem aos filhos que têm que ir à escola e ter boas notas, mas não existe em casa um interesse participativo em relação a isso. Ninguém oferece livros, ninguém lê jornais, ninguém fala do que é ser advogado ou médico. Ninguém vai ao teatro, ninguém pensa em cinema. A escola é uma quadro bonito para ter na parede. Mas sem sentido.
Por isso eu acho que há alunos que merecem prémios. Porque tomam conta de 4 irmãos, vestem roupa usada e comem sempre na cantina. Na cabeça de muitas pessoas isso não influencia as notas que se tiram, mas eu tenho a certeza que sim. São estes alunos que vão conseguir quebrar a espiral de pobreza que dura gerações, muitas vezes. Neste momento, vários ex-colegas nessa situação surgem na minha cabeça. Poucos terão chegado à faculdade. A maioria foi sugada para empregos precários mas rápidos de obter. Mas há vencedores. Tenho uma amiga que atravessou a faculdade sem computador ou internet e sente constantemente a pressão do dinheiro que custa aos pais. Há nela sempre a tentação de desistir, começar a trabalhar, ganhar dinheiro e independência. Os pais temem que a faculdade não lhe sirva de nada.
Achei a ideia deste senhor muito interessante e seria bom que fosse possível estendê-la a nível nacional. Uma espécie de ranking dos alunos improváveis.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Um brinde virtual à Marina!
Nessa altura não há nada para escrever nos emails nem nas mensagens e falta qualquer coisa. Falta um abraço igual a todos os outros que damos despreocupados, porque sabemos que para o ano há mais. O abraço que eu queria dar este ano é diferente porque tem tantas saudades juntas que não cabem mais na janelinha do messenger.
Mas já que ainda não se inventaram abraços virtuais, temos que ser criativos. E não há nada como uma péssima foto, em que a palidez, os olhos inchados e o sorriso embriagado são as coisas que mais saltam à vista. Não há mesmo nada melhor do que oferecer um "refrescamento de memória". Porque o que foi, sempre será. Esta foto é uma promessa.
Parabéns!!
terça-feira, 6 de novembro de 2007
"A mis 95 años"
A história vinha hoje no Público e deixou-me encantada. O blog da senhora é um amor e vale a pena visitar. Poucos de nós se poderão gabar de chegar a receber 70 comentários num post. E nunca tem menos de 20 pessoas a comentar.
O blog foi uma prenda de aniversário do neto, e María Amelia diz que mudou a sua vida. Ávida leitora de biografias, encontrou na internet uma fonte inesgotável de informação e uma "companheira" que lhe trouxe amigos pelo mundo todo. E não pensem que o blog só tem receitas. Não! María Amelia conta histórias da sua infância, fala de política, da guerra civil, de tudo!
Recentemente o blog foi descoberto pelos media, o que despoletou uma série de entrevistas, que a própria publicou no blog.
Deixo aqui um pequeno vídeo de uma das entrevista, para ficarem com uma ideia da senhora. Mas não deixem de visitar o blog: http://www.amis95.blogspot.com/
Ah, é importante acrescentar que o blog "A mis 95 años" está entre os dez finalistas para os prémios BOB (Best of the Blogs) na categoria de blogs de língua espanhola.
sábado, 3 de novembro de 2007
A África que "raspa dentro" de Sebastião Salgado
Ao ler uma entrevista ao fotógrafo Sebastião Salgado, percebi que há quem veja mais:
"Há uma imagem de África ligada à fome e à guerra que ficou colada ao nosso imaginário. África tem fome e armas mas tem outras coisas. É esse lado menos mediatizado que também nos tenta mostrar?
Fui para a Etiópia agora e disse isso a vários amigos que me perguntaram: "Como é que está o problema da fome?" As pessoas quando pensam na Etiópia só pensam na fome. Porquê? Porque foi uma imagem recente que se criou no sistema de informação Ocidental e todas as pessoas ficaram com essa imagem. Mas ninguém imagina que a Etiópia foi o único país que não foi colonizado em África. A Etiópia foi um país que bateu o pé a uma potência europeia que era a Itália. Os etíopes têm uma cultura milenar. Quando os portugueses chegaram lá em 1500 a Etiópia já era um país cristão. A Etiópia tem uma história tão rica e tão forte e existem tantas etiópias dentro da Etiópia... Vivemos numa sociedade que vive de determinados chavões, determinados estereótipos. A Etiópia não é só fome. As pessoas estão muito enganadas a respeito deste país. E estão muito enganadas a respeito de África."
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Piadinha económica
Sugiro ao BCP e ao BCI, e a outros bancos que se queiram associar, que resolvam os problemas das fusões amigáveis, OPAS hostis e outros assuntos importantes, participando num Big Brother Bancário.A RTP poderia ser o canal responsável pelo concurso, com a Fátima Campos Ferreira no papel de Teresa Guilherme. Para a Casa poderiam convidar o Jardim Gonçalves, o Joe Berardo, o Fernando Ulrich, Filipe Pinhal, Paulo Teixeira Pinto, Paula Teixeira da Cruz, Vítor Constâncio, Ana Gomes, António Carrapatoso, Ricardo Salgado, Helena Roseta, Carlos Ferreira, Santana Lopes e António Pinho. Enfim, também poderiam ir a Maria Barroso e claro, a Ana Maria Lucas, para fazer uma certa ligação com os outros concursos, e para ambientar os novos concorrentes à Casa.Depois os espectadores votavam todas as semanas, expulsando regularmente um dos concorrentes. Quem ganhasse, ficava com tudo.Era muito mais interessante, e seguramente mais produtivo, tratar dos negócios da banca assim, tudo às claras, tudo ao sol, tudo na TV."
Vamos todos fazer compras em Estremoz!
"A nova unidade comercial que o grupo Sonae Distribuição vai hoje abrir ao público na cidade de Estremoz é apresentada como um exemplo no aproveitamento das novas valências ambientais.Vítor Martins, director de Ambiente da Sonae (grupo que também é proprietário do PÚBLICO), não consegue disfarçar o entusiasmo pelo conjunto de 12 medidas totalmente inovadoras que vão ser aplicadas a partir de hoje na poupança de energia de água e de gestão dos resíduos, no novo Modelo de Estremoz. Para além dos sistemas de microgeração, que aproveitam a energia eólica e fotovoltaica para produzir, cada um dos sistemas, 2,5 KW, há um colector solar para aquecimento da água da cafetaria. Na nova unidade comercial também se faz o aproveitamento exaustivo de tudo o que produz luminosidade, energia eléctrica ou térmica convencional.Exemplos: o calor libertado pela central do frio serve para aquecimento de uma das lojas do hipermercado; a luminosidade interior é obtida fundamentalmente através de mais de uma centena de clarabóias de tipo Solar Tube (deixam passar a luz, mas não o calor do sol). Um sistema automático regula os fluxos luminosos emitidos pelas lâmpadas fluorescentes de alto rendimento, sempre em função da iluminação obtida a partir das clarabóias.Nem os reclamos luminosos e os sinais de trânsito de acesso à unidade comercial escapam às medidas de poupança de energia. E, neste particular, chegou a vez de as lâmpadas de tecnologia LED contribuírem para a redução do consumo de energia.Vítor Martins explicou ao PÚBLICO que no novo hipermercado colocaram "todo o tipo de inovações que nos são acessíveis, para as podermos testar".O objectivo "é a melhoria continua-da" dos equipamentos com novas valências ambientais, que passa pela gestão dos resíduos. Tudo foi pensado para que no aterro intermunicipal que serve Estremoz não sejam depositados os resíduos passíveis de recuperação ou de reciclagem. Para além dos habituais ecopontos para o vidro, papel e plástico, o hipermercado de Estremoz coloca à disposição dos seus futuros clientes um contentor para pilhas, outro para óleos alimentares e outro ainda para óleos usados no sector automóvel.A novidade está no "roupão", um contentor onde as pessoas podem depositar roupa usada que será destinada a famílias carenciadas.Quanto às embalagens de alumínio, a Sonae pretende entregá-las ao município de Estremoz. Em síntese, a proposta passa por colocar à disposição dos clientes do novo hipermercado um sistema completo de recepção de resíduos, que ajude a incutir na população um novo paradigma de preservação ambiental. "
In Público
Porque é que não são todos assim?
terça-feira, 30 de outubro de 2007
Sarkozy e Santana: uma nova moda?
Eu cá acho que ele tinha razão. «Se tivesse alguma coisa a dizer sobre Cecília, com certeza que não o faria aqui», disse. De facto, a vida privada do presidente não interessa e ele não tem, nem deve, responder a essas perguntas. Tem razão, sim senhor. O Santana Lopes também tinha razão em se indignar ao ver a sua entrevista interrompida pela chegada do Mourinho. Mas o que parece uni-los neste caso, é a reacção espalhafatosa com que se manifestaram. A Santana só faltou chorar; Sarkozy quase mandou um sopapo em alguém. Mas será que eles não sabem como as coisas se passam? Parece que entraram na política o mês passado.
Não percebo... a mulher do presidente desempenhava funções diplomáticas e faltou a um encontro oficial importante. Andava ali qualquer coisa estranha no ar, rumores de divórcio (que depois se vieram a confirmar). Não me digam que ele não estava à espera lhe fossem perguntar pelo assunto? Acho que não era preciso aquela fita toda, bastava dizer que não respondia.
São estilos. Ao menos ninguém se esquece.
domingo, 28 de outubro de 2007
Diz que é uma espécie de Magazine
Une, deux, trois, quatre
Diz que é uma espécie de magazine
Diz que é uma espécie de magazine
Nós vamos fazer humorismo
Recorrer sobretudo à pilhéria
Mas vamos também discutir
Mas vamos ter gente séria
Digamos...
Que vai haver variedades
E vamos dizer as verdades
À maneira de antigamente
Tipo Gil Vicente e tal
Diz que é uma espécie de magazine
Diz que é uma espécie de magazine
Escarneçer e afinfalhar
Mal dizer e achincalhar
Será um pouco isto que iremos efectuar
E volta e meia também vão aparecer gajas nuas
;)
Para o meu avô (que não tem computador)
Teve uma vida tão cheia de aventuras que dava um livro. Mas não quer escrever, apenas contar. São histórias de mistério e suspanse, passadas na ditadura. Quando se passavam bilhetes às escondidas e se aprendiam línguas proíbidas em caves de restaurantes. Quando "ser livre" era ler livros interditos, era criticar, reunir e discutir. E depois há as histórias infinitas do teatro, das digressões pelo país (e pelo mundo), as peripécias nos palcos, nos ensaios, com os amigos, com os patrões, com o público.
O meu avô sabe todas as lengalengas e os poemas mais famosos.
"Batem leve, levemente, como quem chama por mim... Será chuva? Será gente? Gente não é certamente, e chuva não bate assim..."
Teve sempre um espírito divertido e bem disposto. Como se diz na família "está sempre a fazer teatro". Quando eu era pequena ensinava-me que o melhor truque para enganar alguém é parecermos descontraídos. Era assim que levava no bolso paezinhos do pequeno almoço dos hóteis das férias para comermos ao lanche. Mas só ele é que sabia fazer aquele ar de que nada se passa, que para mim foi sempre um mistério.
Agora o meu avô está mais avô e mais velhinho. Tem dificuldade em ver e andar. Está triste e queixa-se. Não das dores mas daquilo que elas roubam: a independência, a actividade, a vida de saudáveis correrrias. Agora tudo se resume a um dia-a-dia de rotina morna. E todos lhe dizem "Ó senhor Gilberto, com essa idade isso é normal, até está muito bom!". Mas ele não se conforma. Irrita-se e bate o pé. Ninguém o preveniu que as pernas lhe iam faltar. Ele queria ter vida de artista, não vida de moldura. E eu olho para ele e sinto vontade de lhe dar alguma coisa. Alguma coisa que o ajude a resgatar o passáro que bate furiosamente as asas dentro da gaiola. O corpo que não deixa o espírito saltar de alegria. Uma prisão de pernas e braços que anestesia a alma até ficar dormente. Até não se levantar mais.
Tenho a certeza que o meu avô nunca se vai render. Vai sofrer até ao fim nesta luta com a velhice. Não vai deixar que façam com ele conversa de mantinha no colo, nem dos programas de televisão que "fazem companhia". Nem vai jogar às cartas com os senhores lá da rua.
Barricou-se numa réstia de juventude e não abre mão. Eu sei que vai ser sempre assim. De espada em punho afugenta as canjas de galinha e meias quentinhas. Quer ir ao cinema e ao teatro, quer jantar com os amigos e dançar no ano novo. Sabe que não pode, mas não se rende. E eu olho para ele com medo daquela angústia, mas sei, lá no fundo, que é um herói.
sábado, 27 de outubro de 2007
Matem a Júlia Pinheiro!
Mas adiante.
Confesso que ganhei um novo respeito pelo José Rodrigues dos Santos depois daquela polémica entrevista que deu à Pública. E às tantas dei por mim a pensar que ele é armado em mete nojo mas deve ser um bom profissional, já que não é toda a gente que faz denúncias daquelas, arriscando o próprio emprego. Até pensei "é de gente assim que precisamos!". Estava eu nesta fase de reconciliação com a "cara laroca da RTP" quando... CHOQUE... o vejo nas Tardes da Júlia a falar do seu livro novo. Estragou-se tudo. Eu nem consegui ver mais que 1 minuto. O ar emproado com que falava do seu novo best-seller (o homem também faz livros que nem pipocas!) era insuportável, mas pior que tudo era a conversinha idiota que mantinha com a Júlia P. Ela ia fazendo perguntas cliché, no meio de risinhos que combinavam com o cenário rosa choque - ele contava que escreveu sobre o convento de Tomar sem ter lá ido, e quando finalmente foi descobriu que se pagava para entrar e, por isso, teve que alterar o texto; "E tinha mesmo que alterar isso? (hihihihi) É o jornalista em si que não se cala (hihihi) Não o deixa em paz, não é? Ai ai ai! (hihihi)".
Mudei de canal e zanguei-me de novo com o senhor. Da última vez que tinha visto de passagem o dito programa, apanhei a Júlia P. a dizer que achava um escândalo que a Kate MaCcan tivesse pintado o cabelo: "Onde é que já se viu uma pessoa que perdeu a filha fazer uma coisa dessas? É porque não sofre assim tanto".
E agora digo eu: onde é que já se viu uma pessoa que até fazia uns programas com piada, como a Noite da Má Língua, prestar-se a semelhantes figuras?
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Dumbledore é gay?
Mas... como assim? Como assim é gay?? É uma personagem inventada! Ela agora pode dizer aquilo que quiser, ora! Também pode inventar que o Harry tinha um cancro fatal ou que o Ron era bombeiro nos tempos livres.
Que raio... Ainda por cima é uma coisa que não tem nada a ver com nada. Quem leu os livros sabe que a personagem do Dumbledore é totalmente desprovida de características sexuais ou amorosas. É um velhinho sábio e poderoso, que dedica a vida a dirigir uma escola centenária. Teve dramas familiares e defrontou grandes feiticeiros, mas nunca teve namoradas e muito menos namorados.
A seguir vamos descobrir que a mãe do Ron tinha um caso torrido com o tio gordo do Harry.
Acho lindo poder-se inventar a posteriori pormenores da vida das personagens. Se a saga já acabou, toda a existência delas está nos livros! Não há fora! As personagens não vivem fora das páginas... Que ideia!
Aposto que ela ficou sem saber o que fazer, agora que terminou o sétimo livro, e pôs-se a pensar "Hummm... o que é que eu posso fazer para não deixar isto morrer?". E deu nisto.
domingo, 21 de outubro de 2007
Quem disse que há regras?
São cheias de regras as reportagens, cheias de protocolos disfarçados. Nada de poesia, poucas metáforas, sem mariquices. Não estamos cá para comover ninguém.
Hoje li uma das reportagens que mais me agarrou. Curiosa a expressão, já que era sobre "agarrados". Sobre como se vive numa comunidade terapeutica. Publicada na Única, que não publica qualquer coisa. Quem diria que isto se podia fazer?
"A esta hora há gente a chutar. Garrote apertado, corpos magros como Cristo na cruz. Ele é um igual. Mas sabe-se sem saída - o tratamento ou a vida. Alberto é um tremor. Uma ferida junto à boca, a mãe de braço ao peito, o candeeiro arrancado do tecto, o lugar vazio do microondas, da varinha mágica. Coisas levadas à bruta, trocadas por um chuto. Perdeu 20 quilos, a cor dos olhos. «Fiz tanta merda, 43 anos de merda!» A esta hora, coça-se, engasga-se: «Cheguei ao fundo». Deu o último caldo de manhã, contorce-se por outro. Mas resiste. A ressaca é o primeiro passo: «Meu Deus, não aguento mais! Ajudem-me!».
(...)
«Chamo-me Rafaela, sou alcoólica e dependente química. Preciso de me responsabilizar pelo meu tratamento senão morro.» Tem 33 anos, rugas finas emolduram-lhe o olhar claro, nos últimos dois este três vezes na Creta. Recaíu, recai sempre. Desde que apanhou a primeira moca aos 13, com comprimidos roubados à mãe. Veio a primeira bebedeira, o primeiro charro, foi-se o futuro. Aos 15 já a menina da Linha comprava pó «numa onda fofinha». Aos 16 «fazia maletos», roubos por esticão, a acelerar na LC «bonitinha» que os pais lhe haviam oferecido.
Depois, foi a montanha-russa. Ora subir às salas da faculdade, ora descer aos becos do tráfico. Os anos a passarem e ela a vê-los passar. Mais uma viagem, mais uma corrida. A filha a nascer. Ficar bem.Outra recaída. Ficar mal. Sexo para ter pó, pó para ter sexo. A heroína, fumar até acabar, «heroin my love and my life», arranjar mais, sete dias inteiros no sofá, a heroína, consumir e vomitar e beber iogurte líquido, moca, ressacar sozinha, arranjar um gajo para safar, a heroína, e a filha, qual filha?, a heroína.
(...)
Guarda tantas mágoas esta casa, tantas culpas, que as paredes falam. Sem brancas, as cenas quotidianas. Como as do alcoólico que bebeu Old Spice. A do toxicodependente que tentou a morte no lavatório. A do que se masturbou até ficar em chaga. A da que saíu para uma «overdose». As visitas dos que partiram e nunca mais tocaram em drogas. «Isto
é um microondas de emoções». Palavra de coordenador terapêutico. «Às vezes explode». "
P.S. A comunidade terapêutica chama-se Creta e é na Parede. E eu nunca ouvi falar, o que é curioso.
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Cafés
Senão todos, quase todos. Encontramo-nos em torno de chávenas pequeninas, em locais geralmente barulhentos. Uns preferem-nos à beira-mar, outros com múscia ambiente, talvez com esplanada. Uns gostam de variar, outros preferem ir sempre ao mesmo. Há quem estude, leia o jornal, comece os seus livros em guardanapos. Mas a função nobre dos cafés é, sem dúvida, a conversa. Ao café vamos aos pares ou em grupo. Para rir em catadupa ou contar as novidades. Nos cafés reencontram-se amigos de longa data ("Nunca mais te vi. Vamos tomar um café?") ou encontram-se os habituais, quase sem ser já necessário marcar hora.
O café é aquele local em que se pode estar sem fazer nada. Apenas estar. Quando queremos aproveitar a companhia de um amigo, mas não temos uma actividade estabelecida para fazer. Sem cinema ou exposições, nem jantar ou almoço.
Podemos ir "áquele cafezinho simpático por trás dos prédios", ou "áquela esplanada no meio da praça" onde sabemos que vamos conhecer todas as caras e receber eventuais olás sorridentes. É só escolher.
Cafés lembram-me amigos. Com bebidas fumegantes e conversas sobrepostas. Ou acompanhados de gelados com conversas molengonas ao sol.
Cafés dão-me saudades das horas que passam a voar. Cafés ponto de encontro. Cafés mata saudades. Cafés "brainstorming". Cafés de "tenho uma coisa para te contar". Cafés "nem vais acreditar".
Cafés "morro de saudades vossas".
terça-feira, 16 de outubro de 2007
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
A guerra custa dinheiro
Entre 1990 e 2005, as guerras custaram a África 212,4 mil milhões de euros, valor idêntico ao da ajuda internacional destinada ao continente. "O valor gasto com as guerras poderia resolver a crise da sida, prevenir a tuberculose e a malária, fornecer água potável, saneamento e educação" - porta-voz da Intermón Oxfam, Consuelo López-Zuriaga.
Faz pensar, não faz?
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Descobertas
Já agora, a dita crónica
(não sei bem se andar a copiar crónicas dos outros é legal, mas enfim lol)
"(...) Somos avaliados no momento em que nascemos e, a partir daí, os relatórios da nossa performance nunca mais páram. Primeiro são avaliações com alguma inocência - "Tem 13 meses e ainda não anda?" ou "Só aprendeu a escrever aos 7 anos?" - mas tudo acaba, inexoravelmente, com a avaliação no ginásio e a maquina que mede o "stress cardíaco" a dizer que há um "serious deviation detected" (ao que o treinador acrescenta, lacónico, que "o programa deve estar avariado").
No meio disto, entre o nascimento e a morte, somos avaliados pelos filhos (que oscilam entre a poesia e o insulto brutal), pelos maridos (salto esta parte), pelos amigos, os colegas e, no fim, pelos nossos chefes.
Na Função Pública portuguesa, garantiu-me um especialista, 97 por cento dos funcionários foram avaliados durante anos, e sistematicamente, com um "Bom" ou "Muito Bom". E, como toda a gente sabe, ao fim de dois ou três anos eram automaticamente promovidos. Esta semana estamos todos a ser avaliados no jornal e todos queremos ser, por um dia, funcionários públicos do tempo pré-Sócrates."
Avaliações
Não pude deixar de ficar a pensar nisso... As notas da escola que tirei mais para os pais do que para mim, a média do secundário, a média da faculdade. O nosso valor somado, dividido e multiplicado, publicado em tabelas sem espaço para poesia. Durante muito tempo somos números, não somos exactamente o que aprendemos. É isso que os pais exibem orgulhosos, valemos números e nomes de cursos pomposos.
Agora que saí para o mundo real, a avaliação é diferente, é mais precisa e contundente, mas ao mesmo tempo mais ambígua. Já não serve ser bom, é preciso ser o melhor. Porque só o melhor consegue os lugares bons, os que valem a pena. Só que agora há várias escalas, há vários conceitos de bom, há várias lupas para o mesmo papel. Mesmo assim, acreditamos cá dentro que fomos feitos para vencer. Acreditamos porque não vemos o que fazemos como um simples ganha-pão. Acreditamos que devemos procurar a excelência.
Mas acreditar só não chega. É preciso senti-lo em todos os pontinhos do corpo. Porque haverá sempre quem nos diga que sonhamos muito alto, que não devemos arriscar, que a vida tem que se resumir a voos baixos mas seguros. Haverá sempre quem não veja mal naquilo que nos choca, haverá sempre quem ache que "assim já estás muito bem". E essas pessoas podem até ser aquelas de quem mais precisamos de ouvir palavras de incentivo, podem até ser aquelas que esperávamos que nos exigissem exigência (a redudância era necessária).
É por isso que a vontade tem que ser mais forte., é por isso que não nos podemos perder no mais ou menos. Porque agora já é a nossa vida, não são boletins da escola para fazer os pais orgulhosos. No fim, a nota que recebemos pelo que fizémos, será a nota correspondente ao nosso lugar no mundo, ao nosso papel. Será nota da nossa felicidade.
domingo, 7 de outubro de 2007
Jornalismos
sexta-feira, 5 de outubro de 2007
Adeus RR
Confesso que sinto uma pequena angústia, uma pequena nostalgia, uma pequena tristeza. Pela relação de amor/ódio que desenvolvi com esta equipa, esta sala, estes telefones e computadores. Foram dias mistos de momentos de alegria e entusiasmo, com irritação e frutração. Agora que acabou sei que terminou uma fase importante: o meu primeiro "emprego". Sem ordenado ou funções definidas, sem estatuto de igualdade para com os outros colegas e sem reconhecimento. Mas foi o mais perto que tive de execer esta profissão de paixões e ódios que é o jornalismo. Por três meses estive numa redacção que ferve de agitação todos os dias. E eu aqui no meio, perdida no agitar das ondas.
O futuro aparenta-se nublado e incerto. Um gigante ponto de interrogação.
Fartei-me de dizer que não gostava disto, que queria ir embora, mas neste momento em que arrumo as coisas na mala e saio pela última vez pela porta do número 14 da rua Ivens, tenho medo de estar a fechar uma porta que não era assim tão feia. Vá lá, admito, estou com saudades.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
E os ursos polares?
in Público
P.S. Vamos todos morrer mas antes morrem os ursos polares!
domingo, 30 de setembro de 2007
Afinal sempre há gays no Irão...
"Ahmadineyad sólo tiene que darse una vuelta cualquier tarde-noche por el parque Daneshju para descubrir que en su país sí que hay homosexuales", sugiere un estudiante universitario. El Daneshju es uno de los típicos lugares de encuentro gay de Teherán. Quizá el más democrático. A diferencia del centro comercial Jam-e Jam, donde el ambiente pijo hace que sus camisetas ceñidas y sus cejas arregladas pasen desapercibidas, en el parque confluyen chicos tanto del norte rico como del sur más modesto. A menos que alguno se muestre extremadamente cariñoso, la policía no suele intervenir.
Quem quiser ler mais é só ir a: http://www.elpais.com/articulo/internacional/Ser/homosexual/pais/Ahmadineyad/elpepuint/20070930elpepiint_3/Tes
Venha a polémica!
P.S. Para quem não sabe "EE UU" são os Estados Unidos
(Espero que o espanhol não tenha causado dificuldades na leitura)
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Entretanto pus-me a ler o público e decidi vir acrescentar mais qualquer coisa.
Aqui vai um excerto de uma reportagem excelente da jornalista (também excelente) Alexandra Prado Coelho, que falou com diversas pessoas sobre esta questão dos homossexuais no Irão. Já que este é o segundo país do mundo onde se fazem mais operações de mudança de sexo:
"O número de operações de mudanças de sexo é, sem dúvida, mais elevado do que no resto do mundo, porque é a única forma de um homossexual viver livremente no Irão sem medo de ser perseguido", confirma, numa conversa com o P2 por e-mail, Kiarash Vasigh, da Homan (Iranian Gay, Lesbian, Bisexual and Transgender Organization) de Los Angeles. "Quando digo "livre", quer dizer que serão tolerados pelo Governo, mas, mais importante do que isso, pela sociedade iraniana e até pela própria família. Outra razão para as operações de mudança de sexo serem tão comuns tem a ver com o facto de serem subsidiadas pelo Governo e de existir um decreto religioso que as autoriza para pessoas que tenham "desvios sexuais"!"
sábado, 29 de setembro de 2007
O relógio de Chávez
Acho que sim, deviamos fazer isso em Portugal, mas a nível regional. Cada distrito tinha uma hora diferente. Assim quando fossemos de férias "cá dentro", podiamos ter a experiência de adaptação aos fusos horários, o que dava todo um outro glamour à viagem. Com os diferentes sotaques que temos por aí, até parecia que estávamos no "estrangeiro". Quem não tem cão caça com gato ;)
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Insólitos
O segundo insólito está relacionado com a saída espalhafatosa do Santana Lopes da entrevista da Sic Notícias. Deve ser a primiera vez na vida que concordo com ele, interromper uma entrevista política com o Mourinho a chegar ao aeroporto (total fait-diver, ele nem tinha nada para dizer) não tem sentido nenhum. Eu também teria vindo embora. No entanto, não deixa de ter graça vê-lo a espernear, tipo bebé a fazer birra. As manchetes sobre o caso têm citado a frase "O país está doido" mas para mim a parte mais gira é quando ele faz beicinho e diz "eu vim com sacrifício pessoal!" e "não vou continuar a entrevista, o país tem de aprender!". Toma! Depois de sair foi amuar para o cantinho.
Em último lugar, um insólito infeliz. Ontem estava a ler uma crónica sobre a novela "Caso Esmeralda" que dizia que a criança tem sido esquecida e a história gira toda em torno dos pais (adoptivos e biológicos). Não tenho opinião sobre a decisão, é um caso muito delicado, de facto. Mas há uma coisa que me parece escandalosa e tem sido pouco referida: o pai biológico pediu a guarda da criança quando ela tinha 1 ano. Como é que é possível que a justiça não considere casos destes de máxima urgência? Então agora que a miúda tem quase seis anos é que decidem? Não deveria ser obrigatório resolver estas disputas em seis meses?? Se o tribunal defende os interesses da criança, parece-me óbvio que seria melhor entregá-la ao pai biológico quando ela ainda era pequenina. Ou não entregar, mas deixar o caso encerrado rapidamente. Se alguém percebe de direito, por favor explique-me isto.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Boys and Girls
O mundo já não é azul e cor-de-rosa. Os papéis invertem-se, misturam-se. As meninas já não bordam, os rapazes já não caçam. O mundo é mais democrático, todos podem ser tudo. Então porque é que todos querem ser "azuis"?
É um fenómeno que me intriga... As raparigas querem ser como os rapazes, mas eles não querem ser como elas. As meninas orgulham-se de contar que brincavam com carrinhos, e não escondem um sorriso quando dizem aos amigos que eram "assim meio maria rapaz". Gostam de jogar futebol e beber para além da conta. Gostam de dizer que ouviam Metallica aos doze anos. É bom exibir isso tudo. No entanto... os rapazes não andam por aí a gritar aos ventos que quando eram pequenos do que gostavam mesmo era das barbies, de saltar á corda, desenhar vestidos e ouvir Onda Choc.
Afinal, há ou não "coisas de rapariga" e "coisas de rapaz"?
Isto não é uma pergunta retórica, eu de facto questiono-me. Porque eu também me irrito quando me abrem a porta ou me impedem de levar coisas pesadas. Isso é tarefa masculina? Eu quero ser capaz de fazer isso tudo. Mas não será ofensivo se uma rapariga se comportar assim com um rapaz? Tipo "deixa-me puxar a cadeira para te sentares"?
Pois bem, eu confesso: quando era pequena queria ser uma princesa. Oh Deus, que fora de moda! Eu não contava a ninguém, ou iam gozar comigo na aula de ginástica, onde eu já era tão má (às vezes ainda oiço a voz esganiçada da minha professora "Inês Santxiiiiinhoooo, passa á bolaaaa! [sim, ela era brasileira. Não sei como é que não iniciei aí um percurso xenófobo]). Eu queria marcar golos como o André, mas ele não queria saltar ao elástico como eu (ok, eu não fazia isso muito bem, também...mas ele não queria aprender, de qualquer forma).
Diz-se que os homens são de Marte e as mulheres de Vénus. Se calhar não é verdade. Se calhar é. Se calhar até é bom. Então porque é que parece que queremos todos ser marcianos?
Eleições no PSD
Esta campanha tem sido ridícula. Se juntarmos os dois caramelos ao Alberto João Jardim, temos qualquer coisa digna de um programa infantil com baixo orçamento.
Mas não me vou alongar, porque depois o Pedro começa a dizer que se eu não voto no PSD não tenho que estar a mandar bitates (esta é a minha adaptação à tese "se não és católica não podes criticar a igreja").
Isto para não dizerem por aí que é só mumumu. Há aqui muita discussão construtiva!
Mas adiante, só vou dizer uma coisa: ontem o Menezes, na troca tão elegante de galhardetes com o Marques Mendes, tocou no ponto essencial! Chamou-lhe "pequeno ditador". A ofensa não podia ferir mais o adversário. Para mim, só por esta já ganhou as eleições. Nem é pelo "ditador", claro, mas é sem dúvida pelo "pequeno". Porque o Marques Mendes, coitado, com aquele metro e meio já em biquinhos dos pés, é a imagem chapada do boneco do contra-informação, mais centímetro, menos centímetro.
Ganda noia, ó chefe!
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Bolhas nos pés
Nessas alturas quero sempre descalçar-me e passear assim pela cidade. Apesar dos vidros e do lixo e das coisas perigosas que povoam os passeios e o alcatrão. Mas tu nunca me deixas tirar os sapatos. Só se houver relva, que é fofinha e segura. E os meus pés enchem-se de manchas vermelhas, os pensos caiem e eu reclamo. Mas no fundo, nessa altura, já não me doem. Porque tu disseste que podíamos comer um gelado em vez do passeio. Porque te riste do meu olhar desiludido, fitando os sapatos novos em folha. Achas-me graça.
E nessa altura já nada me doí. Posso ir até ao castelo a pé. Podemos ir ver a cidade das nuvens. Eu digo que não, mas já é só fita.
domingo, 23 de setembro de 2007
Marcel Marceau, o mimo
Para dizer a verdade, eu não o conhecia, mimos não é muito a minha onda. Mas achei curiosa uma antiga declaração dele sobre a arte mimética (?):
«In mime, Marceau said, gestures express the essence of the soul's most secret aspiration. "To mime the wind, one becomes a tempest. To mime a fish, you throw yourself into the sea." »
E esta, hein?
A utopia
"...As minhas utopias são quotidianas, é trabalhar todos os dias. A minha utopia principal é a que tinha o Padre António Vieira, é que a palavra possa movimentar a cabeça das pessoas e fazê-las agir de outra maneira. Acredito no poder transfigurador da palavra, transfigurou-me aquilo que li e aquilo que leio, portanto pode transfigurar os outros. Acredito que todos somos políticos e temos responsabilidades políticas quotidianas. Na forma como vivemos, nas escolhas que fazemos..."
Resta saber se as utopias podem tornar-se realidade, ou estão condenadas ao seu estatuto de inatingível.
sábado, 22 de setembro de 2007
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
Palavra "arguido" pode tornar-se a nova "saudade"
Cortesia do Inimigo Público ;)
O concerto do Palma
Mas desta vez havia também pessoas sentadas nas escadas, encostadas aos corrimões, apertadas nos cantinhos que sobravam. Todos sem pagar bilhete. Todos em bicos dos pés em direcção às luzes cor de rosa e ao fumo inebriante.
Deixei-me ficar atrás, longe da multidão. Os olhos alternavam entre as cancelas do metro e o palco enevoado. Velhos rabujentos passaram no corredor de fitas vermelhas e brancas, resmungando de cara feira contra aquela agitação contagiante. Dava para adivinhar as ofensas desactualizadas abafadas pelo som: "vadios", "galdérios", "vão trabalhar!". Havia também os que viravam a cabeça enquanto se afastavam da festa. "Que pena ser a estas horas...!". Que bom para mim.
Queria cantar, gritar, saltar, dançar. Mas não se faz coisas dessas sozinho. O telemóvel na mão sempre a postos. As palavras saíam da minha boca, cantadas numa surdina envergonhada que se foi esquecendo de onde estava.
"Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar"
Tanta gente parada num sítio de passagem. Olhos para o alto, sorrisos no rosto. O ar estava cheio de música partilhada.
"Só por ter dois sóis
Só por hesitar
Fiz a cama na encruzilhada
E chamei casa a esse lugar"
Já não estou sozinha. Mergulhamos na multidão, como quem salta da prancha da piscina. Empurra, empurra. Não vejo nada, muito menos vê a Fátima. Onde é que ele está? Eu conheço esta voz, esta gargalhada contagiante que responde a um comentário abafado. Esta voz que canta por cima do coro das outras. Que nos fez cantar a rir, com a convicção de quem quer afrontar o mundo:
"Se eu fosse compositor compunha em teu louvor um hino triunfal
Se eu fosse crítico de arte havia de declarar-te obra prima à escala mundial
Mas eu não passo de um homem vulgar, que tem a sorte de saborear
esse teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar"
É aquele, está ali! De rabo de cavalo? Bem... foi para mudar, se calhar. Não, não, é aquele!! Também não, aquele é um "garoto" diz a Fátima. Onde está, onde está?
Quando se apagaram as luzes vimo-lo de raspão. O cabelo quase branco em desalinho, olhos de louco, dedos descontrolados que batem genialmente nas teclas do piano. Voz de vôo nocturno.
Lá fora o céu era um cobertor cor-de-rosa-laranja. De CD na mão desci a rua até ao comboio.
"Enquanto houver estrada pra andar, a gente vai continuar, enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar, a gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar..."
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
English, please!
A busca incessante pela nota de rodapé que vai salvar as nossas vidas, é uma jornada que nunca termina. Munidos de lupa e lanterna de foco potente, espiolhamos letrinha a letrinha. "Eu vou ser jornalista e vou salvar o mundo. Vou contar às pessoas aquilo que eles não sabem, fazê-las mais felizes, mais informadas, mais conscientes. Vou comovê-las, interessá-las, motivá-las". Vou?
Onde, quando, como, para quê, porquê? (foi uma boa adaptação).
Vou ser brilhante ou mediocre? Vou ser mais um nome apagado em textos mais ou menos, ou um nome que salta a letras gordas? Vou ter um "lugar ao sol" ou vou descobrir que não sirvo para aventuras jornalisticas? Irei eu, fazer a diferença?
Nas letrinhas do livro gordo só encontro pontos de interrogação, salteados de projectos e "quem me dera". Desejos de chegar mais longe.
Os calendários perderam o relógio e não se movem á velocidade da minha cabeça. Os mapas dobraram-se muitas vezes, chocalhados e agitados, colocando o mundo inteiro mais longe do abraço apertado que lhe quero dar.