sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Inspira, expira, inspira, expira
E diz assim: Não importa, não quero saber, não me vou enervar, não vou argumentar. Zen. Sê Zen.
O amigo de infância
Já aqui escrevi uma vez sobre ele. Uma das pessoas mais marcantes da minha infância/adolescência. Depois sumiu-se, a vida levou-nos para cantos diferentes. Hoje, quando o vejo é uncanny. Se o conhecesse agora talvez nem gostasse dele, não sei. Não consigo decidir. E as nossas conversas são banais - mantém-se apenas a capacidade de me tirar do sério. Mas não consigo deixar de ter a sensação de que existiu, existe, e existirá sempre entre nós um mar de coisas não ditas. Não é que haja coisas por dizer, não. São coisas que nem existem no vocabulário. É apenas isso, um discurso subliminar não dito.
Não consigo evitar
Quando alguém me diz que não gosta de Lisboa é como quando me dizem que os pastéis de Belém são iguais aos pastéis de nata: eu devia aceitar como uma coisa natural da vida mas fico verdadeiramente chateada. Fraquezas, pronto.
O que é ser culto?
Hoje num café com dois "cientistas" disseram-me uma coisa interessante. Que uma pessoa considerada culta é alguém que sabe de arte ou política, mas não de ciência. Claro que a definição é redutora, mas percebo a ideia. A minha teoria é que para perceber de "arte ou política" não é preciso ter aulas, é uma questão de interesse, civismo ou sensibilidade. E principalmente é uma questão de opinião. São assuntos subjectivos, que criam debate. Regra geral na ciência ou é ou não é. O que não quer dizer que não se fale sobre ela, mas torna a coisa menos acesa.
Eu confesso que aquilo que me impressiona mais numa pessoa - aquilo, vá, que me faz pensar que é inteligente - não é tanto perceber que há saber acumulado, mas que há raciocínio, filosofia. Uma pessoa que tenha uma teoria, uma opinião. Sobre a existência de Deus, sobre a guerra do Iraque, sobre células estaminais. Claro que já se sabe, para cada autor um público e há assuntos que me interessam mais e vão cativar a minha atenção, mas ficarei impressionada primeiro com a teoria, depois com o tema.
Criatividade, por exemplo, é para mim um grande sinal de inteligência. A capacidade de criar. Geralmente pessoas que se questionam sobre muitas coisas são, a meu ver, inteligentes. Porque as perguntas levam, mais cedo ou mais tarde, a respostas.
Para tudo isto pode ser-se homem de ciência, artes ou letras.
Eu confesso que aquilo que me impressiona mais numa pessoa - aquilo, vá, que me faz pensar que é inteligente - não é tanto perceber que há saber acumulado, mas que há raciocínio, filosofia. Uma pessoa que tenha uma teoria, uma opinião. Sobre a existência de Deus, sobre a guerra do Iraque, sobre células estaminais. Claro que já se sabe, para cada autor um público e há assuntos que me interessam mais e vão cativar a minha atenção, mas ficarei impressionada primeiro com a teoria, depois com o tema.
Criatividade, por exemplo, é para mim um grande sinal de inteligência. A capacidade de criar. Geralmente pessoas que se questionam sobre muitas coisas são, a meu ver, inteligentes. Porque as perguntas levam, mais cedo ou mais tarde, a respostas.
Para tudo isto pode ser-se homem de ciência, artes ou letras.
2011
Tenho esperanças grandes para 2011. Vai ser o ano - figas, figas, figas - em que vou mudar a minha vida. Com crise ou sem ela, 2011 é o meu ano zero.
Quem sabe é o ano em que pinto o cabelo de ruivo.
Quem sabe é o ano em que pinto o cabelo de ruivo.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
SS
Eu podia contar-vos como foi o meu dia na Segurança Social, chegar uma hora antes de abrir e já ter 50 pessoas à frente, o segurança que é uma besta com a mania que sabe de burocracia e de como, afinal, não era preciso ter ido. Podia mesmo e havia muito material para um texto trágico-cómico. Mas é daquelas coisas que mais cedo ou mais tarde todos terão que passar, por isso não quero estragar-vos a diversão.
Não há como ignorar II
Hoje arranjou uma miúda para me ligar a fingir que era a namorada. Ao que chegámos...!
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Não há como ignorar
Tenho um amigo com uma namorada fictícia. A pressão social é lixada. Não era preciso!
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Será ingenuidade?
Eu confesso que estou com esperança para 2011. 2010 foi o ano mais contrastante que tive. Foi o melhor de todos e o pior de todos. Acho que 2011 me reserva algum equilibrio. Figas.
Segurança SSocial take 214365345
Depois de ligar QUATRO vezes para a Segurança Social e finalmente conseguir convencer a senhora do outro lado que é rídículo pagar aquela enormidade de dinheiro por uns quantos recibos, sou informada que tenho que preencher o formulário FHS325r7GDJ67213 e entregar mais uns quantos documentos para efectuar o pedido de isenção de contribuição - documento esse que não consegui preencher porque nenhuma das opções se aplica a mim, o que me fez pensar que aquilo não ia dar em nada.
Passo então ao drama que é IR à Segurança Social de Cascais, onde TODAS as pessoas do concelho vão porque já não fecharam as sedes mais pequenas. Ora eu já tinha tentado ir. O horário é das 9h às 16h e eu fui às 15h. Disseram-me que as senhas acabaram ao meio dia. Certo. Hoje pretendia ir abrir a Segurança Social e acordei de madrugada mas como precisava de ir fazer uma análise antes que se atrasou um pouco cheguei precisamente às 10h10. JÁ NÃO HAVIA SENHAS! Repito: DEZ E DEZ!
Eu sou a favor de se meter uma bomba. Morte à Segurança Social!
Passo então ao drama que é IR à Segurança Social de Cascais, onde TODAS as pessoas do concelho vão porque já não fecharam as sedes mais pequenas. Ora eu já tinha tentado ir. O horário é das 9h às 16h e eu fui às 15h. Disseram-me que as senhas acabaram ao meio dia. Certo. Hoje pretendia ir abrir a Segurança Social e acordei de madrugada mas como precisava de ir fazer uma análise antes que se atrasou um pouco cheguei precisamente às 10h10. JÁ NÃO HAVIA SENHAS! Repito: DEZ E DEZ!
Eu sou a favor de se meter uma bomba. Morte à Segurança Social!
domingo, 26 de dezembro de 2010
A purga
Um dia uma amiga disse-me que o nosso cérebro vicia no sofrimento. Como uma trip de um alucinógeneo. Insiste em lembrar, em pensar e repensar naquilo que não deve. Como enfiar um dedo cheio de sal numa ferida aberta.
A minha amiga tinha uma certa razão. A gente só vê a trip, nunca a purga. É isso que eu tento fazer agora, quando o sal começa a arder. Pensar que isto é uma purga, é como tirar veneno de dentro de nós. É como o álcool nas feridas: dói mas cura. E então quando dói mais eu sorrio e deixo arder até dar, e sinto o veneno a sair, a sair. E sinto orgulho em mim própria. Porque crescer é também estender a nossa resistência às dores e sair vitorioso, forte e melhor.
A minha amiga tinha uma certa razão. A gente só vê a trip, nunca a purga. É isso que eu tento fazer agora, quando o sal começa a arder. Pensar que isto é uma purga, é como tirar veneno de dentro de nós. É como o álcool nas feridas: dói mas cura. E então quando dói mais eu sorrio e deixo arder até dar, e sinto o veneno a sair, a sair. E sinto orgulho em mim própria. Porque crescer é também estender a nossa resistência às dores e sair vitorioso, forte e melhor.
sábado, 25 de dezembro de 2010
i, o Scrooge do amor
Odeio casalinhos. E digo isto sabendo que TODOS os meus amigos estão numa relação (mais ou menos estável). Eu gosto muito de vocês, a sério, do coração. Mas como pessoas. Agora como seres integrantes num casalinho... odeio-vos. Então nesta época natalícia é mesmo do pior. Imagino os vossos olhares comovidos, um sorriso apatetado, quase lagriminha ao canto do olho, enquanto abrem aquela prenda especial que mais ninguém percebe mas vocês sabem que tem história por trás e ó que história. E depois os abraços e os beijinhos e umas declarações de amor ao ouvido.
Despachem lá isso e façam-me o favor de ter um bruto desgosto de amor. Depois liguem-me e vamos beber uns copos e lamber as feridas juntos. Isso sim é bom um Natal!
Despachem lá isso e façam-me o favor de ter um bruto desgosto de amor. Depois liguem-me e vamos beber uns copos e lamber as feridas juntos. Isso sim é bom um Natal!
A língua é uma coisa maravilhosa
Ontem fui ao cabeleireiro e pela primeira vez ocorreu-me que BrÉshing (aka, esticar), é Brushing, os seja, pentear.
É claro que se eu disser "Bom dia, venho fazer Brushing" vou soar um bocado snob. Então Bréshing, vá. Quando em Roma...
É claro que se eu disser "Bom dia, venho fazer Brushing" vou soar um bocado snob. Então Bréshing, vá. Quando em Roma...
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Filho único
As pessoas perguntam-me muito se eu queria ter irmãos. Isto é um assunto que me fascina e pretendo escrever sobre isto a nível profissional.
Não, eu nunca quis muito ter irmãos. Quer dizer, em criança indaguei-me uma vez ou outra sobre isso. Se me dessem a escolher teria tido um irmão, sim. Mas não foi coisa que me atormentasse. Sempre fui muito sociável em criança, tinha muitos amigos, era faladora (até demais). Não tive problemas de desenvolvimento ou socialização. Olhando para trás não acho que saltei nenhum passo importante da infância por causa disso.
Hoje que sou adulta sim. Sinto imensa falta de ter um irmão. Imensa. Há coisas que ninguém compreende como alguém que cresceu connosco. Hoje sim, a solidão pesa.
Não, eu nunca quis muito ter irmãos. Quer dizer, em criança indaguei-me uma vez ou outra sobre isso. Se me dessem a escolher teria tido um irmão, sim. Mas não foi coisa que me atormentasse. Sempre fui muito sociável em criança, tinha muitos amigos, era faladora (até demais). Não tive problemas de desenvolvimento ou socialização. Olhando para trás não acho que saltei nenhum passo importante da infância por causa disso.
Hoje que sou adulta sim. Sinto imensa falta de ter um irmão. Imensa. Há coisas que ninguém compreende como alguém que cresceu connosco. Hoje sim, a solidão pesa.
Adenda: tenho andado a ver o In Treatment
A capacidade que eu mais queria desenvolver é a de me distanciar das coisas. Não importa quão importantes são para mim. A sério. Se está fora do meu controlo, então pronto. Se não há nada que possa fazer, é respirar fundo e deixar a barraca arder.
Faço já uma resolução para 2011: não achar que é minha responsabilidade consertar as relações entre as pessoas. Eu sou só uma, falo só por mim e só posso ser responsável por aquilo que faço. E por mais que deseje que as pessoas se dêem bem e que as pessoas de quem eu gosto gostem umas das outras, vou parar de me descabelar por isso. É isso ou vou morrer cedo.
Faço já uma resolução para 2011: não achar que é minha responsabilidade consertar as relações entre as pessoas. Eu sou só uma, falo só por mim e só posso ser responsável por aquilo que faço. E por mais que deseje que as pessoas se dêem bem e que as pessoas de quem eu gosto gostem umas das outras, vou parar de me descabelar por isso. É isso ou vou morrer cedo.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Eu não queria acreditar mas é verdade
Por cada mês que passo recibos verdes pago 159 euros à segurança social. Mesmo que passe um recibo de 50 euros. Isto é chocante mas é verdade.
domingo, 19 de dezembro de 2010
Um namoro daqueles
Enquanto estou aqui rodeada de papéis com frases marcadas a amarelo brilhante, a polir parágrafos, a interromper a toda a hora para ler x e y, no livro em cima da cama, no jornal, na blogosfera, no facebook, não há como tirar uma conclusão diferente: adoro namorar as palavras.
As palavras que são como as cerejas, que são como os beijos.
As palavras que são como as cerejas, que são como os beijos.
B-I-Z-A-R-R-O!!!
Cum caraças, o Putin a cantar! (saltem para 1.20, o início é só música)
Um verdadeiro Michael Bublé!
Um verdadeiro Michael Bublé!
sábado, 18 de dezembro de 2010
Stephen King II
"She began to giggle and he kissed her soundly and later took her to bed and they slept together like spoons. He remembered waking up once, listening to the wind, thinking of all the dark and rushing cold outside and all the warmth of this bed, filled with their peaceful heat under two quilts, and wishing it could be like this forever - only nothing ever was. He had been raised to believe God was love, but you had to wonder how loving a God could be when He made men and women smart enough to land on the moon but stupid enough to have to learn there was no such thing as forever over and over again".
The Tommy-Knockers
Stephen King I
"Her mind worried restlessly at what it might be, and this time she allowed it to run - she has learned that if your mind insisted on returning to a topic no matter how you tried to divert it, it was best to let it return. Only obsessives worried about obsession."
The Tommy-Knockers
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Fazer pela vida
Às vezes o meu pai, quando me vê a ser explorada, diz "Ó filha isso nem vale a pena o trabalho que tás a ter". E eu sorrio, aprecio até, mas depois lá continuo. A verdade é que fiz poucas coisas até hoje que valessem o que ganhei por elas... mas quem é que não pode dizer o mesmo?
Não é uma questão de não me valorizar. É que desde que deixei de ter "almofada financeira" - e muito grata estou por isso - percebi que tenho mesmo que fazer pela vida. E por mais que tenha vontade de fazer estágios no Reino Unido (tenho muita!) não acho que faz sentido. Nem sentido faz para mim desistir do que quero fazer. A solução é desdobrar-me. Pagar as contas E ir publicando. Não ter dias de folga. Chegar a casa de corpo moído e ir preparar entrevistas.
Eu não me estou a queixar. Deixei de me queixar e passei a fazer o que posso - e nem sempre o que posso é suficiente, mas o importante é nunca deixar de tentar. Isto quando uma pessoa apanha balanço, é muito mais fácil.
Não é uma questão de não me valorizar. É que desde que deixei de ter "almofada financeira" - e muito grata estou por isso - percebi que tenho mesmo que fazer pela vida. E por mais que tenha vontade de fazer estágios no Reino Unido (tenho muita!) não acho que faz sentido. Nem sentido faz para mim desistir do que quero fazer. A solução é desdobrar-me. Pagar as contas E ir publicando. Não ter dias de folga. Chegar a casa de corpo moído e ir preparar entrevistas.
Eu não me estou a queixar. Deixei de me queixar e passei a fazer o que posso - e nem sempre o que posso é suficiente, mas o importante é nunca deixar de tentar. Isto quando uma pessoa apanha balanço, é muito mais fácil.
A porcaria da independência emocional
Sempre que acabo uma entrevista interessante saio aos pulinhos e a querer imenso partilhar o que acabei de viver. Quero sempre pegar o telefone e contar. Hoje concluí que nos últimos anos liguei sempre à mesma pessoa. Sempre, sempre. Hoje olhei para o telefone e percebi que não podia mais ligar à mesma pessoa, que não quer saber das minhas entrevistas para nada. Mas a vontade de partilhar aquilo ficou. Engoli-a. Não tinha mais ninguém a quem fizesse sentido ligar.
Vida de Hotel
Eu ando há muito, muito, muito tempo para escrever sobre a minha vida de hotel. E vou fazê-lo. Mas hoje recebi a dica do ano, vinda de um dos chefs portugueses mais famosos: o blog Psst ó Menina. Acrescentem-lhe entrevistas aos dias de folga, horas a desgravar, muitos envios de CV e cover letter em inglês, e isto, isto amigos é a minha vida. Sem tirar nem pôr.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Eu não acredito no destino mas...
Lemos os sinais que queremos, já se sabe. Por vezes é coincidência, por vezes é um sinal com significado.
E então a conversa deu para o torto e as nuvens negras acumularam-se por cima da cabeça, mesmo depois do acordar bem disposto. A mágoa, a desilusão, raiva, a tristeza, o desprezo e o amor. Tudo junto com palavras amargas, misturado com teclas furiosas, terminado num "bye" seco. Preparava-se para levantar da cadeira e tratar das mil coisas do dia, mas com aquele peso no peito que tanto odiava. Quando, já os joelhos se preparavam para esticar, uma janela pisca. Pisca, pisca, pisca. Um sorriso um tanto corado. E o peso solta-se, o amargo da boca desaparece e um certo alívio surge: é o destino a dar-me uma colher de açucar, eu sei.
E então a conversa deu para o torto e as nuvens negras acumularam-se por cima da cabeça, mesmo depois do acordar bem disposto. A mágoa, a desilusão, raiva, a tristeza, o desprezo e o amor. Tudo junto com palavras amargas, misturado com teclas furiosas, terminado num "bye" seco. Preparava-se para levantar da cadeira e tratar das mil coisas do dia, mas com aquele peso no peito que tanto odiava. Quando, já os joelhos se preparavam para esticar, uma janela pisca. Pisca, pisca, pisca. Um sorriso um tanto corado. E o peso solta-se, o amargo da boca desaparece e um certo alívio surge: é o destino a dar-me uma colher de açucar, eu sei.
Antecipar
Gosto de imaginar coisas que vão acontecer. Por vezes nem dou conta que o faço, vou pela rua e na minha mente mil cenários fantasioso. Nos últimos tempos tenho imaginado sempre a mesma coisa. Com diversos desenlaces, felizes, tristes, enigmáticos. Em que ganho, perco, empato ou acho que perco mas na verdade ganho. O mal de ter esta mente saltimbanca, mal comportada, é que a realidade não pode se não desiludir. A realidade tende a ser embaraçosa, estranha, com muito menos cinematografia. E eu na realidade tenho um cabelo menos sedoso, um sorriso menos cintilante e nunca uso saltos altos. Na realidade eu tenho muito menos impacto no mundo.
E agora vou fazer a minha mala que amanhã parto para três semanas em Portugal. Fazer a mala enquanto antecipo o que se vai passar.
E agora vou fazer a minha mala que amanhã parto para três semanas em Portugal. Fazer a mala enquanto antecipo o que se vai passar.
Prendas
Há uns tempos li que Passos Coelho disse que não ia dar prendas de Natal às filhas mais velhas por causa da crise. É um tipo de demagogia que me da vómitos e é razão suficiente para não votar num político. Odeio quando se tenta manipular a tacanhez das pessoas.
Falo disto porque leio por aí essa nova moda do "este ano não dou presentes". Por causa da crise, claro. Mas afinal quantos presentes é que têm que comprar? Eu não tenho um tostão furado (e isto não é exagero) e comprei uns 4 ou 5 presentes. Simples, baratos, mas escolhidos com carinho. Não me digam que não se podem oferecer prendas baratas? Não me digam que têm familiares tão chiques que não apreciam um presente que custe menos de 15 euros (e podia dizer menos ainda, não importa)? Que é feito das fotografias, dos postais feitos à mão, dos bolos personalizados? Isso fica tudo a meia dúzia de tostões.
Crise...tá certo. E então o Passos Coelho deve tar até a cortar no pão, coitado.
Falo disto porque leio por aí essa nova moda do "este ano não dou presentes". Por causa da crise, claro. Mas afinal quantos presentes é que têm que comprar? Eu não tenho um tostão furado (e isto não é exagero) e comprei uns 4 ou 5 presentes. Simples, baratos, mas escolhidos com carinho. Não me digam que não se podem oferecer prendas baratas? Não me digam que têm familiares tão chiques que não apreciam um presente que custe menos de 15 euros (e podia dizer menos ainda, não importa)? Que é feito das fotografias, dos postais feitos à mão, dos bolos personalizados? Isso fica tudo a meia dúzia de tostões.
Crise...tá certo. E então o Passos Coelho deve tar até a cortar no pão, coitado.
domingo, 12 de dezembro de 2010
Gaguejei, justifiquei, e por fim, fiquei à rasca
A minha sina Cardiffiana é, claro, ensinar ao mundo que Portugal não é Espanha e que Portugal tem alguma coisinha para além do vinho do Porto e do Vasco da Gama.
Pois bem. Estava eu a falar das rolhas (o maior exportador de rolhas do mundo - que deprimente!), quando menciono também os vinhos. Que exportamos vinho, que são muito bons, que temos muitos. Diga-se que não percebo nada de vinho, mas sei isto. Ao que os meus interlocutores, bebedores e conhecedores q.b., respondem "Não conheço nenhum vinho português nem nunca vi à venda. Vejo muito vinho espanhol [enumeração de nomes] e italianos [idem], mas portugueses, além do Porto, nunca vi". Eu também nunca vi nada, tenho que confessar.
Fiquei cá com uma cara de tacho.
Pois bem. Estava eu a falar das rolhas (o maior exportador de rolhas do mundo - que deprimente!), quando menciono também os vinhos. Que exportamos vinho, que são muito bons, que temos muitos. Diga-se que não percebo nada de vinho, mas sei isto. Ao que os meus interlocutores, bebedores e conhecedores q.b., respondem "Não conheço nenhum vinho português nem nunca vi à venda. Vejo muito vinho espanhol [enumeração de nomes] e italianos [idem], mas portugueses, além do Porto, nunca vi". Eu também nunca vi nada, tenho que confessar.
Fiquei cá com uma cara de tacho.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Entrevistas II
"Food is like sex. Because you can have a quicky against the wall, finish, a cigarete. Or you can have a burguer, shove it in your mouth and move on. Or you can have a banquet, oysters, fish course, main course, pre-desert, desert, coffee, petitfour. So, you can have foreplay, we can dance, we put the candles, we can have long sex and afterwards we have a glass of champaing"
Entrevistas
- Do you have to make an effort to separate your work from your personal life?
- There is always crossover. You can't say this is work and then I'm totally different when I'm at home. It's part of your character. It's like you, you're very agressive when you're here, now you're very agressive.
(ar chocado)
- Me?? I'm not agressive!
- See, now you're getting worried.
- There is always crossover. You can't say this is work and then I'm totally different when I'm at home. It's part of your character. It's like you, you're very agressive when you're here, now you're very agressive.
(ar chocado)
- Me?? I'm not agressive!
- See, now you're getting worried.
O rapaz-mistério
Tenho um amigo que é um profundo mistério. Amigo é termo abusivo. Conheço-o. Tomámos café, conversámos sobre livros, sobre actualidade, sobre os transportes públicos. Eu achava-o acomodado com a vida, preguiçoso. Gostava da sua ironia, não dos seus cigarros. Desprezava o seu cinismo. Gostava dos seus gostos literários. Odiava a sua inércia. Não me despertava sentimentos fortes. Era mais uma pessoa no meu dia-a-dia.
Como o via todos os dias achava que lhe tinha tirado a pinta. Como é normal, fazemos um perfil mental das pessoas que conhecemos e principalmente das que podemos observar de perto: o que comem, o que vestem, o que fizeram no fim-de-semana. Chumbava todas as categorias.
No entanto uma peça não encaixava. Um dia li-o. E não sabia como interpretar aquilo. A sensiblidade, a fluídez, a beleza das palavras. A dor das palavras. A harmonia. Caraças, ele escrevia mesmo bem. Não só escrevia bem como escrevia como outra pessoa. E por mais que eu puxasse pela cabeça não conseguia associar o autor à pessoa. Não rimavam de forma alguma. Por vezes tentava descortinar as palavras escritas numa das nossas conversas banais. Nada, não havia ali nada. No entanto, os textos, sempre.
Evito lê-lo para não sentir este desconforto. Mas hoje, clique aqui, clique ali, deparei-me com mais uma das suas obras de arte. Palavras que me doeram como se fossem minhas. Reforcei o reconhecimento daquele talento. E novamente não compreendi.
Como o via todos os dias achava que lhe tinha tirado a pinta. Como é normal, fazemos um perfil mental das pessoas que conhecemos e principalmente das que podemos observar de perto: o que comem, o que vestem, o que fizeram no fim-de-semana. Chumbava todas as categorias.
No entanto uma peça não encaixava. Um dia li-o. E não sabia como interpretar aquilo. A sensiblidade, a fluídez, a beleza das palavras. A dor das palavras. A harmonia. Caraças, ele escrevia mesmo bem. Não só escrevia bem como escrevia como outra pessoa. E por mais que eu puxasse pela cabeça não conseguia associar o autor à pessoa. Não rimavam de forma alguma. Por vezes tentava descortinar as palavras escritas numa das nossas conversas banais. Nada, não havia ali nada. No entanto, os textos, sempre.
Evito lê-lo para não sentir este desconforto. Mas hoje, clique aqui, clique ali, deparei-me com mais uma das suas obras de arte. Palavras que me doeram como se fossem minhas. Reforcei o reconhecimento daquele talento. E novamente não compreendi.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
E sem dor, ok?
Escrever uma reportagem, para mim, é quase como curtir a trip de uma droga. Entro noutra, estou fora do mundo, rodeada de papéis, sublinhados, citações. Tenho epifanias, ataques de entusiasmo e momentos de total descrença também. No fim estou cansada e satisfeita. Feliz.
Agora, desgravar horas de entrevistas... ARG... matem-me já. Acabem com o meu sofrimento.
Agora, desgravar horas de entrevistas... ARG... matem-me já. Acabem com o meu sofrimento.
Aguenta firme
Se pudesse resumir todos os conselhos que me têm dado nos últimos meses, diria apenas "aguenta firme". De todas as palavras, mais doces ou mais duras, perante toda a minha eloquente argumentação falhada, o segredo é apenas esse: não faças nada drástico, aguenta, espera, deixa o tempo trazer clareza. No início claro, ouvir isto é tão agradável como comer agulhas. Mas com o correr das semanas concluí que é o melhor a fazer. Aguenta. Sustém a respiração um pouco mais. Não entres em paranóia, não decidas nada. Aguenta. Espera.
Depois disso fica mais fácil.
Depois disso fica mais fácil.
domingo, 5 de dezembro de 2010
Acreditar
Tenho uma assustadora capacidade de acreditar. Tenho sempre esperança que as coisas sejam o que muitas vezes não são. Que sejam como eu gostaria. E acreditar é coisa que dá trabalho, luta, esforço.
Quando vejo que os outros não se deram ao trabalho de lutar tanto quanto eu por algo que acreditam, fico furiosa. Quando se deixam morrer como uma planta que não foi regada, quero dizer-lhes que não valem nada. Plantas podres desde a raíz. Fracos. Quero dizer isso tudo mas não posso. Porque isso seria mesquinho da minha parte, não é?
Quero dizer que os sentimentos, tal como as convicções, não são só para quando dá jeito ou quando é facil. E de cada vez que alguém desiste me sinto profundamente desiludida. Não "alguém", alguém específico, claro. Alguém que dá desculpas de plantas não regadas para esconder fraqueza. Eu, que por vezes me sinto estúpida por ser tão crente, entendo em breves momentos de sanidade, que não tenho mais que me orgulhar da força dos meus sentimentos, da lealdade, da firme certeza.
Não podemos impedir que os outros nos desiludam - nem mesmo ao ponto de nos fazerem duvidar de toda a humanidade - mas devemos a nós próprios admitir que antes desiludidos que fracos.
Quando vejo que os outros não se deram ao trabalho de lutar tanto quanto eu por algo que acreditam, fico furiosa. Quando se deixam morrer como uma planta que não foi regada, quero dizer-lhes que não valem nada. Plantas podres desde a raíz. Fracos. Quero dizer isso tudo mas não posso. Porque isso seria mesquinho da minha parte, não é?
Quero dizer que os sentimentos, tal como as convicções, não são só para quando dá jeito ou quando é facil. E de cada vez que alguém desiste me sinto profundamente desiludida. Não "alguém", alguém específico, claro. Alguém que dá desculpas de plantas não regadas para esconder fraqueza. Eu, que por vezes me sinto estúpida por ser tão crente, entendo em breves momentos de sanidade, que não tenho mais que me orgulhar da força dos meus sentimentos, da lealdade, da firme certeza.
Não podemos impedir que os outros nos desiludam - nem mesmo ao ponto de nos fazerem duvidar de toda a humanidade - mas devemos a nós próprios admitir que antes desiludidos que fracos.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Nós
É uma pena não haver mais nós. Digo isto de forma objectiva. Sem sentimentalismos. Nós tínhamos uma certa qualidade que me fascinava. O meu rolar de olhos perante as tuas... manias de escrever dentro das linhas de forma obsessiva, chamemos-lhe assim. E ainda assim a minha busca pela tua aprovação e a tua recusa. Não, dizias, não te safas tão facilmente. Show me what you got. E eu mostrava: explicava-me, prós, contras, racionalmene, emotivamente, com chantagem, com inteligência, com referência histórica, com ironia. Com tudo o que tinha. E no fim, quase suando, via como estavas orgulhoso, mesmo que estivesses um tanto irritado com a minha teimosia.
Não há assunto nenhum que não tenha passado por esse doloroso processo de debate. E no fim de cada luta - sim, por vezes eram lutas - eu sentia-me um passo mais perto, um passo mais certo, conhecedora de um segredo que mais ninguém sabia.
Havia dias em que não me apetecia ser nós. Só queria ver um filme, comer pipocas, dizer disparates. E tu esperavas... esperavas... e quando eu enjoava das pipocas, bocejava do filme, pimba, apresentavas-me outro painel de debate.
Porém, não se pense que as nossas conversas eram sempre disputas. Por vezes eu dizia "não sei" e tu concordavas. E ficavamos a ponderar pela noite fora. E eu contava os meus pensamentos mais abstractos, mais obscuros, mais incompreensíveis. E tu compreendias. Tentavas interpretar a minha confusão.
Foi num desses momentos que te expliquei porque precisava de ir. E tu respondeste que tudo correria perfeitamente bem.
É pena que isto já não exista. Porque se já não existe é como se nunca tivesse existido. E isso é deveras triste.
Não há assunto nenhum que não tenha passado por esse doloroso processo de debate. E no fim de cada luta - sim, por vezes eram lutas - eu sentia-me um passo mais perto, um passo mais certo, conhecedora de um segredo que mais ninguém sabia.
Havia dias em que não me apetecia ser nós. Só queria ver um filme, comer pipocas, dizer disparates. E tu esperavas... esperavas... e quando eu enjoava das pipocas, bocejava do filme, pimba, apresentavas-me outro painel de debate.
Porém, não se pense que as nossas conversas eram sempre disputas. Por vezes eu dizia "não sei" e tu concordavas. E ficavamos a ponderar pela noite fora. E eu contava os meus pensamentos mais abstractos, mais obscuros, mais incompreensíveis. E tu compreendias. Tentavas interpretar a minha confusão.
Foi num desses momentos que te expliquei porque precisava de ir. E tu respondeste que tudo correria perfeitamente bem.
É pena que isto já não exista. Porque se já não existe é como se nunca tivesse existido. E isso é deveras triste.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Clicar para ler o post todo
Cardiff tornou-me uma pessoa diferente. Para melhor, de certeza. Mais forte, mais independente, mais desenrascada. E cada vez mais olho para as pessoas sempre com medo de arriscar, de perder pequenos luxos e não as entendo, acho-as mimadas.
Hoje, ao ler este post pela segunda vez, achei por bem partilhar.
"... Sempre que falo com amigos que adiam a mudança porque ainda não têm cortinas, ou outras coisas secundárias, demorando-se em casa dos pais, penso sempre que a necessidade realmente faz o engenho, e que ter apoio, o conforto de não precisar, nos faz preguiçosos, acomodados, inactivos. Nunca precisaram de se mudar para uma casa num dia por não ter outro lado onde dormir. E olho para mim antes e depois de sair de Portugal, e noto uma diferença enorme. Toda a gente devia ter de sair da zona de conforto e ter de se desenrascar, pelo menos uma vez na vida. Torna-nos muito mais activos. E independentes. E eficientes. E capazes. Basta precisarmos."
Hoje, ao ler este post pela segunda vez, achei por bem partilhar.
"... Sempre que falo com amigos que adiam a mudança porque ainda não têm cortinas, ou outras coisas secundárias, demorando-se em casa dos pais, penso sempre que a necessidade realmente faz o engenho, e que ter apoio, o conforto de não precisar, nos faz preguiçosos, acomodados, inactivos. Nunca precisaram de se mudar para uma casa num dia por não ter outro lado onde dormir. E olho para mim antes e depois de sair de Portugal, e noto uma diferença enorme. Toda a gente devia ter de sair da zona de conforto e ter de se desenrascar, pelo menos uma vez na vida. Torna-nos muito mais activos. E independentes. E eficientes. E capazes. Basta precisarmos."
sábado, 27 de novembro de 2010
NEVE!
Ontem saí do emprego e estava a nevar. O caos, claro, instála-se. Mas eu, que nem criancinha, não consigo parar de sorrir com um sorriso grande, tipo anúncio a pasta de dentes. E ando pela rua sem chapéu de chuva, absolutamente deliciada com os flocos de neve no meu casaco preto.
Hoje acordei e vi a neve a decorar toda a rua. Neve! Em Novembro! O sorriso voltou. Não consigo parar de sorrir. Quero ir lá acima acordar o meu amigo, abaná-lo e gritar "a neve, olha a neve!".
A neve é linda, de uma forma transcendente, milagrosa, encantada. A neve faz-me imensamente feliz :D
Hoje acordei e vi a neve a decorar toda a rua. Neve! Em Novembro! O sorriso voltou. Não consigo parar de sorrir. Quero ir lá acima acordar o meu amigo, abaná-lo e gritar "a neve, olha a neve!".
A neve é linda, de uma forma transcendente, milagrosa, encantada. A neve faz-me imensamente feliz :D
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Sem dúvida!
domingo, 21 de novembro de 2010
I'm not sick but I'm not well
Não consigo parar de ouvir
I had visions, I was in them
I was looking into the mirror
To see a little bit clearer
The rottenness and evil in me
Fingertips have memories
Mine can't forget the curves of your body
And when I feel a bit naughty
I run it up the flagpole and see who salutes
(but no one ever does)
I'm not sick but I'm not well
And I'm so hot cause I'm in hell
Been around the world and found
That only stupid people are breeding
The cretins cloning and feeding
And I don't even own a tv
Put me in the hospital for nerves
And then they had to commit me
You told them all I was crazy
They cut off my legs now I'm an amputee, goddamn you
I'm not sick but I'm not well
And I'm so hot cause i'm in hell
I'm not sick but I'm not well
And it's a sin to live so well
I wanna publish zines
And rage against machines
I wanna pierce my tongue
It doesn't hurt, it feels fine
The trivial sublime
I'd like to turn off time
And kill my mind
You kill my mind
Paranoia paranoia
Everybody's coming to get me
Just say you never met me
Im running under ground with the moles
(Diggin big holes)
Hear the voices in my head
I swear to god it sounds like they're snoring
But if you're bored then you're boring
The agony and the irony, they're killing me
I'm not sick but I'm not well
And I'm so hot cause I'm in hell
I'm not sick but I'm not well
And it's a sin to live so well
I had visions, I was in them
I was looking into the mirror
To see a little bit clearer
The rottenness and evil in me
Fingertips have memories
Mine can't forget the curves of your body
And when I feel a bit naughty
I run it up the flagpole and see who salutes
(but no one ever does)
I'm not sick but I'm not well
And I'm so hot cause I'm in hell
Been around the world and found
That only stupid people are breeding
The cretins cloning and feeding
And I don't even own a tv
Put me in the hospital for nerves
And then they had to commit me
You told them all I was crazy
They cut off my legs now I'm an amputee, goddamn you
I'm not sick but I'm not well
And I'm so hot cause i'm in hell
I'm not sick but I'm not well
And it's a sin to live so well
I wanna publish zines
And rage against machines
I wanna pierce my tongue
It doesn't hurt, it feels fine
The trivial sublime
I'd like to turn off time
And kill my mind
You kill my mind
Paranoia paranoia
Everybody's coming to get me
Just say you never met me
Im running under ground with the moles
(Diggin big holes)
Hear the voices in my head
I swear to god it sounds like they're snoring
But if you're bored then you're boring
The agony and the irony, they're killing me
I'm not sick but I'm not well
And I'm so hot cause I'm in hell
I'm not sick but I'm not well
And it's a sin to live so well
O casamento
Há um casamento a que eu queria realmente ir em 2011. Não só porque se trata de umas das minhas mais próximas amigas de Erasmus, mas porque a história destes noivos me diz que, caraças, quando se gosta a sério, o resto são peanuts. Quando as pessoas me dizem "ai, nha nha nha namoros à distância béu béu béu" lanço-lhes um olhar de desprezo. Se é difícil? Terrivelmente difícil, mas faz-se. E a minha amiga passou um ano no Canadá, seis meses na Holanda, e diversas outras viagens mais curtas (mas ainda assim de meses) para outras zonas do planeta. E agora vai casar. Com o mesmo namorado que esteve presente por todas estas aventuras, o mesmo que eu achava que quase conhecia, de tanto ela falar dele.
Eu já não vejo ou falo com a minha amiga há muito tempo, mas este era um casamento a que eu gostava de ir. É um casamento que, ao contrário de todos os outros, não me parece muito precoce - depois de tantos testes, de tantos altos e baixos, viagens, telefonemas de valor acrescentado, postais, cartas e emails, deverá vir uma certeza daquelas que não nos chegam muitas vezes na vida.
Espero ter feito uma bonita argumentação. Agora... quem financia a minha viagem ao Brasil?
Eu já não vejo ou falo com a minha amiga há muito tempo, mas este era um casamento a que eu gostava de ir. É um casamento que, ao contrário de todos os outros, não me parece muito precoce - depois de tantos testes, de tantos altos e baixos, viagens, telefonemas de valor acrescentado, postais, cartas e emails, deverá vir uma certeza daquelas que não nos chegam muitas vezes na vida.
Espero ter feito uma bonita argumentação. Agora... quem financia a minha viagem ao Brasil?
É verdade que nos esquecemos. De tudo. Basta deixar para trás e puff, repousa apenas no nosso conturbado inconsciente. Demora tempo, mas garantem-me que sim. A gente esquece-se até das pessoas e situações que jurámos nunca esquecer. Dos momentos que nos fizeram suster a respiração, das mais fortes emoções, de tudo o que é arrebatador. É por nos esquecermos que conseguimos seguir em frente - porque esquecemos também a dor, por mais forte que seja. O local sagrado será assim até outro nos encantar. E as fotografias que outrora nos deixavam comovidos, com as lentes embaciadas, com o nariz vermelhusco, não serão mais que uma amena sensação do passado.
Eu sei isto tudo. E é a esperança que assim seja que me mantém na luta, a luta por um novo início imaculado. Mas não deixo de pensar que se assim é, amar - pessoas, locais, músicas, momentos, tudo - se torna um pouco inútil.
Eu sei isto tudo. E é a esperança que assim seja que me mantém na luta, a luta por um novo início imaculado. Mas não deixo de pensar que se assim é, amar - pessoas, locais, músicas, momentos, tudo - se torna um pouco inútil.
Como a cimeira da NATO (não) põe o mundo a olhar para Portugal
Lia eu descansadinha o jornal quando vejo esta magnífica fotografia, que ocupa meia página no Guardian.
A legenda lê: President Barack Obama and the Portuguese president Aníbal Cavaco Silva at Nato talks in Lisbon aimed at bolstering the alliance (a aliança com a Rússia, entenda-se)
E agora um jogo: onde está Cavaco Silva?
"They have never had it so good"
Um dos apoiantes mais próximos de David Cameron (o primeiro-ministro britânico), Lord Young, foi obrigado a demitir-se depois de ter dito o seguinte: "For the vast majority of people in the country today they have never had it so good ever since this recession – this so-called recession - started."
Os cortes britânicos têm sido ferozes e afectam muitas pessoas. O que está em causa não é a justiça deste despedimento. É que eu continuo a supreender-me com este sentido de cidadania. Quando a dita frase foi pronunciada, foi o escândalo. Imediatamente foi explicado, preto no branco, que a afirmação é falsa - apenas os ricos sentiram os "benefícios" da crise. Não é possível manter o posto de alguém depois disso pois a revolta social não o permite. As pessoas reclamam e o poder político envergonha-se.
Em Portugal é mais corninhos no Parlamento.
Os cortes britânicos têm sido ferozes e afectam muitas pessoas. O que está em causa não é a justiça deste despedimento. É que eu continuo a supreender-me com este sentido de cidadania. Quando a dita frase foi pronunciada, foi o escândalo. Imediatamente foi explicado, preto no branco, que a afirmação é falsa - apenas os ricos sentiram os "benefícios" da crise. Não é possível manter o posto de alguém depois disso pois a revolta social não o permite. As pessoas reclamam e o poder político envergonha-se.
Em Portugal é mais corninhos no Parlamento.
sábado, 20 de novembro de 2010
Numa outra vida
Numa outra vida gostava de me apaixonar por esse tipo de pessoa que acho tão atraente mas que sempre me intimida. Ao pé de quem me sinto sempre "uncool". Esse rapaz que gira sorridente no meio da pista de dança, que quando bebe canta na rua e acredita que o amor é algo intenso e fugaz. Esse tipo de rapaz que escreve que nem copo de vinho tinto e música bossa nova. Esse tipo de rapaz que tem muitos amigos, que abraça em público quando está feliz e não apenas para confortar outros. Esse rapaz que tem lábia, arranja bilhetes de graça e emana total espontaneidade. Esse tipo de rapaz que sorri com os olhos e que apesar de ser meio doido, meio fala-barato, é um jovem prodígio no emprego - um emprego criativo, claro.
Esse tipo de pessoas que estão sempre socialmente confortáveis, que não usam o telemóvel para se fingir ocupadas, que não têm o problema de não saber o que fazer às mãos e por vezes ao corpo inteiro.
Esse rapaz que é tudo o que eu não sou. Que um dia acorda, faz mochila e decide conhecer a Patagónia. Um dia, um dia apaixono-me por um rapaz assim.
Esse tipo de pessoas que estão sempre socialmente confortáveis, que não usam o telemóvel para se fingir ocupadas, que não têm o problema de não saber o que fazer às mãos e por vezes ao corpo inteiro.
Esse rapaz que é tudo o que eu não sou. Que um dia acorda, faz mochila e decide conhecer a Patagónia. Um dia, um dia apaixono-me por um rapaz assim.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Fast Car
You got a fast car
But is it fast enough so we can fly away?
We gotta make a decision
We leave tonight or live and die this way
I remember we were driving, driving in your car
The speed so fast I felt like I was drunk
City lights lay out before us
And your arm felt nice wrapped 'round my shoulder
And I had a feeling that I belonged
And I had a feeling I could be someone, be someone, be someone
Procuro alvo para genocídio
- I'm so angry!
- Good! Anger is good. Hate moves you forward. Just think about the Nazis.
- ...
- Good! Anger is good. Hate moves you forward. Just think about the Nazis.
- ...
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Hoje um amigo contou-me como o seu tio morreu nos ataques terroristas ao hotel de Mumbai. Contou-me isto enquanto eu choramingava sobre a minha vida. Enquanto eu lhe dizia, frustrada, que não compreendia o mundo. Que me sentia perdida. E então ele contou-me isto. E disse-me que somos capazes de ultrapassar tudo. Até aberrações como as que aconteceram à família dele. E desta vez, desta vez eu acreditei. Desta vez eu rasguei a folha do caderno, amachuquei-a, meti-a no lixo, levantei o queixo e respirei fundo. Não tenho direito a choramingar.
Próximo desafio.
Próximo desafio.
domingo, 14 de novembro de 2010
"Uma cidade tristonha mas bonita, deprimida mas romântica, nossa mas solitária"
Eu, que estou sempre a dizer que gosto muito de Lisboa (e gosto!), apreciei especialmente este post. Porque as coisas que nos fascinam são assim, boas e más, feias e bonitas, ambíguas, conflituosas. Estranhas.
sábado, 13 de novembro de 2010
“You’re grieving. Not only for the person you’ve lost, but for the life you had invisioned. You’re grieving for the future and all the plans and dreams you had in your head. Now that’s all gone. You have to give up the life you’ve planned to find the life that’s waiting for you. All our lives we grow by giving up things, by loss and moving on; big things, little ones – how we handle those losses really defines who we are”
Nora Walker
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Ai... e pá pedinchas também (/me rola os olhos)
Com não sei quantos km entre o acto e o entreacto, continuas a ser a minha melhor amiga*
Deixemo-nos de nomes ocultos
Um grandeeee beijo e um abraço muito apertado para a minha prima Andreia! Tenho tantas, tantas, tantas, tantas saudades tuas!
Os anos passam, os amigos mudam, nós mudamos, tudo muda. Mas tu estás sempre aqui*
Os anos passam, os amigos mudam, nós mudamos, tudo muda. Mas tu estás sempre aqui*
terça-feira, 9 de novembro de 2010
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
domingo, 7 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
O Futuro
Eu estou sempre a pensar no futuro. Não é que não viva o presente, mas sinto que estou à espera. Sentia. E fazia uns desenhos na cabeça de como seria esse obscuro "futuro". Agora já não sei. É uma mancha, um borrão. Não faço ideia. Não sei onde, com quem e a fazer o quê. Mas mantenho a esperança que esse futuro seja bom. Seja com e não sem.
Continuo à espera dele.
Continuo à espera dele.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Do zero
Ontem o meu computador... nada. Em loop de ecrã preto. E eu nem tive forças de me irritar, de ficar em pânico, como de costume. Tentei umas coisas e totalmente derrotada arrastei os pés até à loja. Quando regressei, com o prognóstico de um disco rígido morto e uma conta assustadora para pagar, perdi as forças. Os meus companheiros de casa sentaram-se ao meu lado, num silêncio reconfortante e por fim disseram-me que isto ia tudo passar. Que tinham, aliás, a certeza. E eu olhava para eles e só pensava "mas como é que sabem?".
Hoje o meu computador está a zeros. Não tem cá nada. Mas funciona com uma rapidez que não lhe via há anos. E eu não consigo deixar de pensar como gostaria que isto se pudesse fazer a pessoas também. Chegar à loja e dizer "estou partida, não funciono mais, pago o que for preciso mas substitua-me o disco rígido". E da loja vinhamos assim, a zeros e a funcionar como nunca antes.
Hoje o meu computador está a zeros. Não tem cá nada. Mas funciona com uma rapidez que não lhe via há anos. E eu não consigo deixar de pensar como gostaria que isto se pudesse fazer a pessoas também. Chegar à loja e dizer "estou partida, não funciono mais, pago o que for preciso mas substitua-me o disco rígido". E da loja vinhamos assim, a zeros e a funcionar como nunca antes.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Brasil
Preferências à parte, a verdade é que o Brasil, um país conservador, elegeu uma mulher como Presidente. Coisa que não vejo acontecer em Portugal tão cedo.
domingo, 31 de outubro de 2010
O Certo e o Errado
Há dois anos a minha vontade era esta: partir. Sentia uma vontade incontrolável de conhecer novos lugares e pessoas, um sentimento com uma força insuperável. E sabia, então, que era apenas isso que podia fazer. Ir. Tudo o resto se arranjaria (mais tarde concluí que nem tudo se arranjou, pelo contrário, mas "no regrets").
No entanto, depois da minha última visita a Lisboa fui invadida por um sentimento profundo de querer estar ali. Não ali em Portugal, ali em Lisboa. E tal como antes, um cenário se desenhou na minha cabeça.
Estas coisas não se explicam. Tenho vontade de voltar. Quero voltar. Quero a minha casa na Baixa, pronto. Não se trata de uma casa, trata-se de uma vida. Trata-se sempre de uma vida. Não consigo parar de pensar nisso. Tenho mesmo vontade de voltar, caraças. O problema? Um emprego. Procura-se emprego para jovem jornalista. Senhor empregador, se me está a ler, isto é um pedido de ajuda: da Baixa ao jornal/ rádio/ TV/ revista seria um pulinho, eu nunca estaria atrasada e o meu grau de entusiasmo? Nos píncaros! Aguardo resposta!
No entanto, depois da minha última visita a Lisboa fui invadida por um sentimento profundo de querer estar ali. Não ali em Portugal, ali em Lisboa. E tal como antes, um cenário se desenhou na minha cabeça.
Estas coisas não se explicam. Tenho vontade de voltar. Quero voltar. Quero a minha casa na Baixa, pronto. Não se trata de uma casa, trata-se de uma vida. Trata-se sempre de uma vida. Não consigo parar de pensar nisso. Tenho mesmo vontade de voltar, caraças. O problema? Um emprego. Procura-se emprego para jovem jornalista. Senhor empregador, se me está a ler, isto é um pedido de ajuda: da Baixa ao jornal/ rádio/ TV/ revista seria um pulinho, eu nunca estaria atrasada e o meu grau de entusiasmo? Nos píncaros! Aguardo resposta!
sábado, 30 de outubro de 2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
O meu conceito de religião
"Eu estava ligada ao mundo por uma quantidade de fios, tu por poucos e robustos cabos. Era a mesma coisa com o patriotismo. Tu gostavas da ideia dos Estados Unidos muito mais do que do país real, e era graças aos teus ideais sobre as aspirações americanas que podias ultrapassar o facto de ver os teus parentes ianques que faziam bicha de noite à porta da FAO Schwartz, com termos cheios de sopa quente, para comprar a Nintendo num lançamento de promoção, limitado. No particular reside o piroso. No conceptual, o grandioso, o transcendente, o duradouro. Os países e um qualquer rapaz mau podem ir para o inferno, mas a ideia de países e filhos triunfa para todo o sempre. Embora nenhum de nós frequentasse a igreja, eu cheguei à conclusão de que tu eras uma pessoa naturalmente religiosa."
Lionel Shriver, in Temos de falar sobe Kevin
Bom e Mau
Há qualquer coisa boa e má nisto do blog. Eu podia escrever sem parar sobre o mesmo tema. Dezenas de posts. Mas claro, não posso. No entanto, de cada vez que quero pegar no telefone, de cada vez que o desligo de cara amassada, quero escrever. Tenho uma necessidade enorme de explicar. Porque sei que tenho de parar de ser esta pessoa obstinada que não soube ouvir um Não. Mas não consigo. E vir para aqui escrever ajuda. É como fazer batota. Ai queres que fique calada? Então está bem, mas levas com umas indirectas. Claro que não é bem assim, mas quem liga a nuances?
Como disse, é bom mas é mau.
Como disse, é bom mas é mau.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
2011 onde estás?
Ainda estamos em Outubro e já estou com medo do Natal. Atenção, eu adoro o Natal. Corrijo: adoro o conceito de Natal. Mas no Natal eu fico sempre triste, mas triste a sério. Só quero que passe depressa, apesar de adorar a decoração, as músicas, a comida e todos os rituais da consoada. Apesar de gostar de escolher prendas. Apesar de tudo de bom que tem o Natal, fico terrivelmente triste. E é coisa que dura imenso tempo, estragando-me invariavelmente o Ano Novo - para o qual tenho sempre expectativas e saem sempre frustradas. Portanto o que eu gostava era que fosse Janeiro, lá para dia 5 ou 6 (quando começo a recuperar) e eu fosse invadida pelo meu sentimento preferido: começar de novo. Resoluções, um novo ânimo. Esperança. Fechar 2010 a sete chaves e dar a 2011 um quarto limpinho, imaculado, cheio de força de vontade.
Frustração
Às vezes sinto mesmo que as pessoas não se esforçam. Cada vez mais se torna claro para mim como as pessoas são egoístas, caprichosas. Por acharem que podem sempre dizer o que querem, por acharem que os seus sentimentos devem sempre ser compreendidos. Por acreditarem que não têm que engolir sapos, fazer sacrifícios. Olho para isto e entristece-me. Sinto que me desdobro em mil para que toda a gente esteja bem, se dê bem, e fico a lutar contra a maré sozinha.
A sociedade, por mais defeitos que tenha, é o melhor sistema que temos. E implica os nossos pequenos teatrinhos diários, implica dizer que estamos bem quando não estamos, fingir que gostamos do que não gostamos e relevar coisas não queríamos ouvir. Se não o fizermos, se não aceitarmos que a vida é assim, acabamos, invariavelmente, sozinhos.
A sociedade, por mais defeitos que tenha, é o melhor sistema que temos. E implica os nossos pequenos teatrinhos diários, implica dizer que estamos bem quando não estamos, fingir que gostamos do que não gostamos e relevar coisas não queríamos ouvir. Se não o fizermos, se não aceitarmos que a vida é assim, acabamos, invariavelmente, sozinhos.
Coração dividido
Por um lado em Portugal, família, amigos... por outro, aqui uma embalagem de cogumelos frescos custa 85 cêntimos e em Portugal custa 7 euros. E perante isto não consigo decidir.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Um sincero e profundo obrigada a todos os meus amigos que nestes dias me aturaram, convenceram, confortaram e principalmente ouviram. Aos que não tocaram no assunto e aos que me elogiaram até mais não. Aos cafés intermináveis, aos copos e aos jantares. Aos que me deram essa tão ansiada nova perspectiva.
Vir a casa foi muito bom. Não é sempre, mas desta vez foi mesmo o que eu queria. Sol, café, mar e as ruas mágicas da minha cidade preferida.
Um beijinho ao N., que eu não sabia que me lia. (ai, que vergonha)
E aos que me lêem mas não falam comigo, um pedido encarecido que não se ponham a conjecturar sobre a minha vida.
Vir a casa foi muito bom. Não é sempre, mas desta vez foi mesmo o que eu queria. Sol, café, mar e as ruas mágicas da minha cidade preferida.
Um beijinho ao N., que eu não sabia que me lia. (ai, que vergonha)
E aos que me lêem mas não falam comigo, um pedido encarecido que não se ponham a conjecturar sobre a minha vida.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Adultos
A gente pensa que quando cresce tudo é diferente. Somos mais distintos, não fazemos cenas. Temos orgulho, senso de dignidade. Somos racionais. A gente pensa que quando somos adultos não imploramos, não choramos, não queremos que nos mintam. Quando somos adultos sofremos em silêncio, de forma madura. Não em restaurantes, bares, carros ou mesmo ruas. E somos sensatos, não impulsivos. Nunca desesperados. Nunca pedinchas plo que não nos pertence.
A gente pensa isso tudo sim, e apesar da idade no BI, ficamos sempre à espera do dia em que a dita adultice chegue.
A gente pensa isso tudo sim, e apesar da idade no BI, ficamos sempre à espera do dia em que a dita adultice chegue.
Pep talk
A coisa boa de se bater no fundo é sabermos que depois disso só pode melhorar. Este é um dos meus clichés preferidos. Porque é mesmo verdade. É coisa que me conforta, esse sentido de esperança no futuro. Essa reconstrução. Tijolo a tijolo.
Agora é assim, tudo novo. Se pudesse deitava fora todas as minhas roupas e começava um estilo completamente diferente. O cabelo já cortei. Talvez devesse aprender uma língua nova, mudar de casa. Começar a usar um perfume diferente. Aprender a cozinhar um prato exótico. Talvez tudo isso ajude. Talvez eu não consiga escapar a mim própria, mas por enquanto tento isto: uma perspectiva diferente. O mundo, afinal, é uma questão de ponto de vista. E o que tenho a fazer, é mudar o meu.
Além disso, está sol. O ar cheira bem e o mar é já aqui.
Agora é assim, tudo novo. Se pudesse deitava fora todas as minhas roupas e começava um estilo completamente diferente. O cabelo já cortei. Talvez devesse aprender uma língua nova, mudar de casa. Começar a usar um perfume diferente. Aprender a cozinhar um prato exótico. Talvez tudo isso ajude. Talvez eu não consiga escapar a mim própria, mas por enquanto tento isto: uma perspectiva diferente. O mundo, afinal, é uma questão de ponto de vista. E o que tenho a fazer, é mudar o meu.
Além disso, está sol. O ar cheira bem e o mar é já aqui.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
domingo, 17 de outubro de 2010
Houmus
Não sei como vivi tanto tempo sem esta pequena maravilha. Houmus, que só experimentei há pouco mais de uma semana, é uma espécie de paté de grão, de origem, acho, libanesa, que é muitíssimo comum no Reino Unido, esse maravilhoso melting pot.
No supermercado custa menos de 1 libra e é a coisa mais deliciosa de sempre.
No espaço dos últimos dois dias, duas pessoas que não se conhecem disseram-me que tinham a certeza que eu iria ser muito bem sucedida. Que a luta ia acabar muitíssimo bem, era só uma questão de tempo.
Fico comovida com o facto de ter amigos que têm tanta fé em mim, mas confesso que odeio ouvir isto. Porque os meus amigos não têm qualquer razão válida para dizer isto. É apenas porque gostam de mim, calculo. Porque acham que eu me dedico e por isso vou ser recompensada. Mas eu, eu não tenho qualquer tipo de fé. Dizer que tenho medo é pouco - eu estou aterrorizada. O tempo todo. E as expectativas dos outros são apenas mais gente que poderei desiludir.
Fico comovida com o facto de ter amigos que têm tanta fé em mim, mas confesso que odeio ouvir isto. Porque os meus amigos não têm qualquer razão válida para dizer isto. É apenas porque gostam de mim, calculo. Porque acham que eu me dedico e por isso vou ser recompensada. Mas eu, eu não tenho qualquer tipo de fé. Dizer que tenho medo é pouco - eu estou aterrorizada. O tempo todo. E as expectativas dos outros são apenas mais gente que poderei desiludir.
E depois deste post regressaremos a assuntos banais e levezinhos
Ocorre-me por vezes que há demasiadas pessoas a ler este blog que eu não gostaria que lessem alguns posts. Mas depois encolho os ombros. Tenho de parar de tentar controlar tudo. Eu gosto de escrever, é terapêutico. E ajuda-me a sentir-me mais próxima de alguns amigos.
Claro que sem o blog é muito mais fácil dizer o que me apetece quando encontro as pessoas. Não ter que responder a perguntas difíceis.
Oh well... azar.
Claro que sem o blog é muito mais fácil dizer o que me apetece quando encontro as pessoas. Não ter que responder a perguntas difíceis.
Oh well... azar.
You can't have your cake and eat it too
A minha mãe sempre me disse uma frase que eu odiava: "Não podes ter tudo". Parecia-me sempre absurdo e cruel. Desnecessário. A vida é tão curta e só temos esta oportunidade de viver tudo o que o mundo tem para oferecer. Há sempre uma solução, um compromisso, podemos sempre dividir o tempo e multiplicar... tudo.
Hoje, sentada no jardim, a ver o sol subir no céu e invadir a mesa, percebi a sabedoria nas palavras da minha mãe. Claro que ela aplicava este slogan a coisas simples como querer ir a duas festas no mesmo dia ou comprar duas camisolas em vez de uma. Mas se calhar ela estava a querer preparar-me para decisões mais sérias. Se calhar ela sabia que ia sempre tentar fazer tudo, chegar a todo o lado, ter tudo. "Have your cake and eat it too". Se calhar ela sabia que as coisas nunca correm assim e que as escolhas são sempre cruéis, nunca nos dão total satisfação. Mas o compromisso tem os seus limites e só podemos esticá-lo até certo ponto.
Se calhar a minha mãe sabia disto tudo e quis preparar-me. E eu nunca lhe liguei nenhuma.
Hoje, sentada no jardim, a ver o sol subir no céu e invadir a mesa, percebi a sabedoria nas palavras da minha mãe. Claro que ela aplicava este slogan a coisas simples como querer ir a duas festas no mesmo dia ou comprar duas camisolas em vez de uma. Mas se calhar ela estava a querer preparar-me para decisões mais sérias. Se calhar ela sabia que ia sempre tentar fazer tudo, chegar a todo o lado, ter tudo. "Have your cake and eat it too". Se calhar ela sabia que as coisas nunca correm assim e que as escolhas são sempre cruéis, nunca nos dão total satisfação. Mas o compromisso tem os seus limites e só podemos esticá-lo até certo ponto.
Se calhar a minha mãe sabia disto tudo e quis preparar-me. E eu nunca lhe liguei nenhuma.
Onde está?
Onde está o botão off? Quero desligar a cabeça - quero desligar tudo. E se não há botão (como não há botão?), então quero prender as mãos com algemas e dormir por 15 horas. Quero ser sedada, quero estar amarrada a uma cama como os doentes das alas psiquiátricas. Imagino-me a suar, a debater-me, a gritar. Até finalmente parar. Ou então um exorcismo, com padre e tudo. Sim, isso também me parece adequado. No fim vomito um qualquer veneno e não preciso mais amarrar as mãos, os braços, as pernas. Sim, isso seria bom. Tudo por um pouco de paz de espírito.
Mas o botão off parece-me muito mais sensato.
Mas o botão off parece-me muito mais sensato.
sábado, 16 de outubro de 2010
Porque a genialidade das palavras só se entende quando se aplicam
O Primeiro Dia
A principio é simples, anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no burburinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se e come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
P.S Bem lembrado Sr Maia.
Diz tudo
Ensaia. Sem medo, é só a almofada. Coloca-te de forma confortável debaixo dos lençóis e olha para a almofada, que é verde e e assim - com desenhos de folhas. E depois diz-lhe. Diz-lhe tudo. Todas as hipóteses. Tens que dizer tudo ou não se torna real. Diz-lhe que fazes as malas hoje. Feito. Sem hesitação. Diz-lhe que não aceitas não como resposta, que vais mudar de vida, que vai ser melhor. Que vai ser perfeito. Sente o corpo tremer com esta ousada afirmação. Sorri de entusiasmo. Depois, respira. pausa. Continua a olhar para a almofada tão fofa e apetecível. Não digas nada, mas pensa em tudo o que poderá correr mal. Pensa em lugar A, B e C. Pensa que queres lá ir. Pensa como isso vai correr. Pensa em D, E, F, coisas que queres fazer. Pensa na reacção. Franze o sobrolho, tem dúvidas. E depois novamente, pensa que isso são moedas de um cêntimo, não contam. Que com elas não compras nada. Volta a falar. Leva tudo ao extremo, fala de vestidos brancos e bebés. Fala de uma casa no campo. Enlouquece.
Admite a ti própria que tens que tomar uma decisão radical. Morde a língua até fazer sangue - tu sabes que não queres fazer isso mas tem de ser. Sim ou Não. Tem total consciência que o que tu queres são batatas, mas ainda assim tens que saber o que isso é.
Pára de olhar para a almofada. Olha para o tecto. Pensa noutra coisa qualquer. Pára de murmurar essa canção. Pára de pensar na galinha de peluche na cadeira. Pára! Deixa o carro estacionado no cantinho escuro - ele que fique vazio. Não consegues. Continuas a desfiar pensamentos aleatórios. Sentes o coração bater desenfreadamente. Não ousas sequer olhar para a almofada. Esqueces-te que é um almofada e temes que vá falar. Vá dizer que tudo isto é inútil, que o meu desespero é desnecessário porque as decisões estão tomadas, eu só tenho que as mastigar até desaparecerem. Sente uma bola de ráfia na boca. Respira fundo ou não vais conseguir prosseguir.
Disseste tudo. Sentes-te melhor. Respiras melhor. Vais lá fora, apanhas ar. Está sol, mas frio. Perfeito. Sentes o gelo penetrar plo pijama, plo robe, pla manta. Agradeces.
Regressas. Imploras por sabedoria. Desejas ter 70 anos de idade e respostas. Desprezas os teus 24 anos por não te terem ensinado nada.
Planeias fazer o mesmo exercício amanhã. Quem sabe, amanhã será melhor.
Admite a ti própria que tens que tomar uma decisão radical. Morde a língua até fazer sangue - tu sabes que não queres fazer isso mas tem de ser. Sim ou Não. Tem total consciência que o que tu queres são batatas, mas ainda assim tens que saber o que isso é.
Pára de olhar para a almofada. Olha para o tecto. Pensa noutra coisa qualquer. Pára de murmurar essa canção. Pára de pensar na galinha de peluche na cadeira. Pára! Deixa o carro estacionado no cantinho escuro - ele que fique vazio. Não consegues. Continuas a desfiar pensamentos aleatórios. Sentes o coração bater desenfreadamente. Não ousas sequer olhar para a almofada. Esqueces-te que é um almofada e temes que vá falar. Vá dizer que tudo isto é inútil, que o meu desespero é desnecessário porque as decisões estão tomadas, eu só tenho que as mastigar até desaparecerem. Sente uma bola de ráfia na boca. Respira fundo ou não vais conseguir prosseguir.
Disseste tudo. Sentes-te melhor. Respiras melhor. Vais lá fora, apanhas ar. Está sol, mas frio. Perfeito. Sentes o gelo penetrar plo pijama, plo robe, pla manta. Agradeces.
Regressas. Imploras por sabedoria. Desejas ter 70 anos de idade e respostas. Desprezas os teus 24 anos por não te terem ensinado nada.
Planeias fazer o mesmo exercício amanhã. Quem sabe, amanhã será melhor.
Sérgio Godinho... sabias do que falavas ou era só poética?
O Fim de tudo é o Recomeço.
Recomeço estou à tua espera. Nunca mais chegas, hein?
Recomeço estou à tua espera. Nunca mais chegas, hein?
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Já diz o filme que o Amor é um lugar estranho. Estranhíssimo. O Amor não é óbvio, como as pessoas pensam. Não é ama-se e pronto. Não... Ama-se mas não se ama, ama-se mas não se pode, ama-se mas não se sabe. O amor é feito de tantas pequenas coisas que só o podemos apreciar de longe, como uma pintura. São viagens de carro, são passeios de centro comercial, são beijos profundamente apaixonados, são amuos, são discussões acesas. O amor são mensagens antes de dormir e ao acordar. São palavras que não se dizem, mas sabem-se. O Amor não é nada uma coisa enorme, esmagadora. São essas pequenas peças de puzzle, todas juntas. São momentos íntimos e também públicos. São gestos grandiosos e outros que passam despercebidos. São essencialmente segredos preciosos que partilhamos.
E um dia percebemos que tudo isto não será eterno. Há sempre esse momento trágico em que entendemos que a possibilidade de ser eterno é pequena, é ínfima. Claro que já o sabíamos de cor antes, toda a gente sabe. Mas quando sentimos isso, que nem aparição religiosa, é um dos maiores choques da vida. Este nosso amor não é eterno. Não somos eternos. E com essa realização, vem a temível verdade, aquela que jamais quisemos admitir. Que um dia ele vai olhar embevecido para outro sorriso que não o nosso. Um sorriso novo, fresco, sem passado, sem peso, sem história, sem mágoas. Um sorriso que promete um mundo de compreensão e felicidade. E quando esse dia chega percebemos que estamos finalmente sozinhos.
E um dia percebemos que tudo isto não será eterno. Há sempre esse momento trágico em que entendemos que a possibilidade de ser eterno é pequena, é ínfima. Claro que já o sabíamos de cor antes, toda a gente sabe. Mas quando sentimos isso, que nem aparição religiosa, é um dos maiores choques da vida. Este nosso amor não é eterno. Não somos eternos. E com essa realização, vem a temível verdade, aquela que jamais quisemos admitir. Que um dia ele vai olhar embevecido para outro sorriso que não o nosso. Um sorriso novo, fresco, sem passado, sem peso, sem história, sem mágoas. Um sorriso que promete um mundo de compreensão e felicidade. E quando esse dia chega percebemos que estamos finalmente sozinhos.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Triste
Há duas semanas tocavam à porta, um a um. E às tantas quase não cabíamos na nossa sala minúscula. Não nos ouvíamos porque eramos tantos. E agora foram-se. Aos poucos vão-se até não ficar quase ninguém. E a vida fica chata, doméstica, dormente, repetitiva. Triste.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
:)
É facto assente que com o tempo vão-se perdendo alguns amigos. As pessoas mudam, a distância faz mossa, arranjam-se amigos novos.
E com essa mudança ficam apenas alguns. Eu, aqui expatriada, tenho pensado nisso. Há pessoas de quem me considero amiga próxima e com quem nunca falo. Com outras (uma? duas? muito poucas) falo todas as semanas e sei, em termos gerais, o que se passa na vida delas. Isso é tão verdade que notei a diferença quando uma das minhas amigas foi de férias e deixei de saber dela por umas semanas. Isso aqui não é nada, há tantas pessoas com quem falo uma vez por mês.
Mas a sério, notei diferença. Notei o skype vazio, menos emails. E fiquei feliz. Muito feliz mesmo. Já lá vai muito tempo que não moro no mesmo país que a minha amiga, que não a vejo todos os dias, que não tenho aulas com ela ou tomo cafés ao fim de um dia de trabalho. A ausência dessas pequenas coisas faz muita mossa numa amizade, em qualquer tipo de relação. Mas a verdade é que certas amizades arranjam formas de sobrevivência, arranjam tempo, arranjam até, vejam só, dinheiro onde ele não existe.
E isto dá-me esperança.
Um grande beijinho para os meus amigos e família
Tenho muitas saudades vossas.
E com essa mudança ficam apenas alguns. Eu, aqui expatriada, tenho pensado nisso. Há pessoas de quem me considero amiga próxima e com quem nunca falo. Com outras (uma? duas? muito poucas) falo todas as semanas e sei, em termos gerais, o que se passa na vida delas. Isso é tão verdade que notei a diferença quando uma das minhas amigas foi de férias e deixei de saber dela por umas semanas. Isso aqui não é nada, há tantas pessoas com quem falo uma vez por mês.
Mas a sério, notei diferença. Notei o skype vazio, menos emails. E fiquei feliz. Muito feliz mesmo. Já lá vai muito tempo que não moro no mesmo país que a minha amiga, que não a vejo todos os dias, que não tenho aulas com ela ou tomo cafés ao fim de um dia de trabalho. A ausência dessas pequenas coisas faz muita mossa numa amizade, em qualquer tipo de relação. Mas a verdade é que certas amizades arranjam formas de sobrevivência, arranjam tempo, arranjam até, vejam só, dinheiro onde ele não existe.
E isto dá-me esperança.
Um grande beijinho para os meus amigos e família
Tenho muitas saudades vossas.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Londrinos
Imensas pessoas, em Portugal, me disseram que os Londrinos são arrogantes e antipáticos. Eu, como vim para Gales, nunca tive grande oportunidade de confirmar. Aqui a simpatia é acima do normal, isso garanto.
Desde que estou no Reino Unido fui três vezes a Londres, por períodos muito, muito curtos, sempre de dois dias. Da primeira não tirei qualquer conclusão, não precisei de indicações e falei só português.
Da segunda vez fui por motivos diferentes. Fui a uma conferência, falei com pessoas, fiquei em casa de uma Londrina. Pior, perdi-me, com amigos, à noite. Nós, cada um com o seu sotaque, de mapa na mão. Encontrámos um senhor que só faltou comprar-nos um computador. Sacou do seu iPhone, procurou a rua, levou-nos a meio caminho, percebeu que tinhamos trocado o nome, ajudou-nos a encontrar a morada correcta. Tivemos com ele uns bons 20 minutos.
Claro que isto não quer dizer nada. Mas recentemente voltei a Londres e precisei de ajuda novamente. E a mesma coisa aconteceu. Quase idêntica. Na verdade o rapaz que nos ajudava levou-nos a meio caminho, deixando a sua bicicleta sem cadeado. E nós só dizíamos "deixe estar, olhe a bicicleta, nós percebemos onde é, não se preocupe". E ele nada.
Se calhar os Londrinos são antipáticos e arrogantes, mas por enquanto não tenho razões de queixa. Aguardem updates.
Desde que estou no Reino Unido fui três vezes a Londres, por períodos muito, muito curtos, sempre de dois dias. Da primeira não tirei qualquer conclusão, não precisei de indicações e falei só português.
Da segunda vez fui por motivos diferentes. Fui a uma conferência, falei com pessoas, fiquei em casa de uma Londrina. Pior, perdi-me, com amigos, à noite. Nós, cada um com o seu sotaque, de mapa na mão. Encontrámos um senhor que só faltou comprar-nos um computador. Sacou do seu iPhone, procurou a rua, levou-nos a meio caminho, percebeu que tinhamos trocado o nome, ajudou-nos a encontrar a morada correcta. Tivemos com ele uns bons 20 minutos.
Claro que isto não quer dizer nada. Mas recentemente voltei a Londres e precisei de ajuda novamente. E a mesma coisa aconteceu. Quase idêntica. Na verdade o rapaz que nos ajudava levou-nos a meio caminho, deixando a sua bicicleta sem cadeado. E nós só dizíamos "deixe estar, olhe a bicicleta, nós percebemos onde é, não se preocupe". E ele nada.
Se calhar os Londrinos são antipáticos e arrogantes, mas por enquanto não tenho razões de queixa. Aguardem updates.
Mundo para dois
No outro dia lia este post e concluía que tenho a mesma sensação, apesar de não estar ainda perto dos 30.
"Parece que, de repente, todos se amam, todos já querem filhos, todos já querem namorar, todos já querem compromissos, todos já querem dar passos em conjunto."
Reparo, realmente, que toda a gente está apaixonada ou pelo menos a formar casalinho. E agora há qualquer coisa de diferente; há um "para sempre" implícito que não havia nos namoros de há uns anos. Toda a gente (sim, toda a gente) que conheço que está numa relação está à séria, está a ver-se a morar com essa pessoa, conhece os pais, faz programas em família e isso tudo. Estão a juntar os trapinhos, mesmo que ainda não oficialmente.
Se por um lado estou feliz pelo estado de graça dos meus amigos, não deixo de me desiludir. Afinal, caraças, tenho 24 anos. E eles por aí andam. E às tantas já só fazem coisas a dois e falam sempre em "nós".
Somos tão modernos mas não escapamos a isto. Com a maioridade vem o emprego, responsabilidade. E vem esta noção de que devemos arrumar-nos em casais pois é assim que seremos felizes. Não digo que isto é mentira. Também não digo que é verdade. Eu sou uma romântica da pior espécie e acredito em amor para sempre e tudo mais. Mas estranho ver como estão todos "a assentar" quando eu ainda tenho a cabeça nas nuvens.
"Parece que, de repente, todos se amam, todos já querem filhos, todos já querem namorar, todos já querem compromissos, todos já querem dar passos em conjunto."
Reparo, realmente, que toda a gente está apaixonada ou pelo menos a formar casalinho. E agora há qualquer coisa de diferente; há um "para sempre" implícito que não havia nos namoros de há uns anos. Toda a gente (sim, toda a gente) que conheço que está numa relação está à séria, está a ver-se a morar com essa pessoa, conhece os pais, faz programas em família e isso tudo. Estão a juntar os trapinhos, mesmo que ainda não oficialmente.
Se por um lado estou feliz pelo estado de graça dos meus amigos, não deixo de me desiludir. Afinal, caraças, tenho 24 anos. E eles por aí andam. E às tantas já só fazem coisas a dois e falam sempre em "nós".
Somos tão modernos mas não escapamos a isto. Com a maioridade vem o emprego, responsabilidade. E vem esta noção de que devemos arrumar-nos em casais pois é assim que seremos felizes. Não digo que isto é mentira. Também não digo que é verdade. Eu sou uma romântica da pior espécie e acredito em amor para sempre e tudo mais. Mas estranho ver como estão todos "a assentar" quando eu ainda tenho a cabeça nas nuvens.
Ainda me custa a acreditar que o Público tenha deixado ir o António Granado. Espero que entendam que, de facto, o tempo não volta para trás.
domingo, 19 de setembro de 2010
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Curioso
Não existe palavra inglesa para "cunha".
O mais parecido é "nepotism", que consiste na passagem de poder de pais para filhos.
O mais parecido é "nepotism", que consiste na passagem de poder de pais para filhos.
Um ano
Faz um ano que aterrei na ilha. Um ano, como voou. Um ano desde que disse adeus, fiz festas e jantares, promessas, larguei algumas lágrimas. Fiz malas e malas. Misturei medo, ansiedade com muito, muito entusiasmo.
Nem acredito que já fez um ano a minha vida de estrangeira. Que me sentei naquele auditório sem conhecer uma alma sequer. Tudo novo, as ruas, o quarto, a cozinha partilhada. Um ano desde que passei a dizer "Where are you from?" em vez de "Tudo bem?", como frase de apresentação. Um ano desde que ensinei dezenas de pessoas a pronunciar o meu nome correctamente.
Não é justo que o tempo nos trate assim. O tempo, não se deixem enganar, não passa sempre ao mesmo ritmo. Este ano tramou-me. Correu. E enquanto eu aprendia sobre a África do Sul, a Índia e a China, enquanto debatiamos fontes e ética, o tempo fez maratona. Tenho a certeza que fez batota porque ainda ontem comia o meu primeiro caril caseiro e agora já o faço em casa de olhos fechados.
Agora, vejam a crueldade, o meu cartão de estudante está prestes a expirar! Já não posso usar as impressoras e os computadores, já não saberei os códigos das portas. Agora vêem outros. Os novos membros desta Nações Unidas que eu amo profundamente.
Fez um ano em que eu vi a luz: as pessoas são pessoas, independentemente de onde vêm. Todas as diferenças culturais são menores face a a esse facto. São pessoas, indivíduos, e quando as metemos numa caixa, de nacionalidade, etnia, religião, etc, estamos a cometer um erro crasso.
Um ano. Deve ser mentira, o calendário só pode estar enganado. Um ano disto. Um ano de aperfeiçoamento falhado do sotaque. Um ano. Um ano. Um ano...
Nem acredito que já fez um ano a minha vida de estrangeira. Que me sentei naquele auditório sem conhecer uma alma sequer. Tudo novo, as ruas, o quarto, a cozinha partilhada. Um ano desde que passei a dizer "Where are you from?" em vez de "Tudo bem?", como frase de apresentação. Um ano desde que ensinei dezenas de pessoas a pronunciar o meu nome correctamente.
Não é justo que o tempo nos trate assim. O tempo, não se deixem enganar, não passa sempre ao mesmo ritmo. Este ano tramou-me. Correu. E enquanto eu aprendia sobre a África do Sul, a Índia e a China, enquanto debatiamos fontes e ética, o tempo fez maratona. Tenho a certeza que fez batota porque ainda ontem comia o meu primeiro caril caseiro e agora já o faço em casa de olhos fechados.
Agora, vejam a crueldade, o meu cartão de estudante está prestes a expirar! Já não posso usar as impressoras e os computadores, já não saberei os códigos das portas. Agora vêem outros. Os novos membros desta Nações Unidas que eu amo profundamente.
Fez um ano em que eu vi a luz: as pessoas são pessoas, independentemente de onde vêm. Todas as diferenças culturais são menores face a a esse facto. São pessoas, indivíduos, e quando as metemos numa caixa, de nacionalidade, etnia, religião, etc, estamos a cometer um erro crasso.
Um ano. Deve ser mentira, o calendário só pode estar enganado. Um ano disto. Um ano de aperfeiçoamento falhado do sotaque. Um ano. Um ano. Um ano...
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Papa
O Papa chega hoje ao Reino Unido, rodeado de polémica. Os media não falam de outra coisa: 77% das pessoas acha que o Estado não deveria pagar pela visita e 63% dizem-se completamente indiferentes à sua vinda. Os casos de pedofília são apontados como principal fonte de descontentamento.
É importante referir que o Reino Unido é uma nação maioritariamente protestante, e portanto não têm a mesma reverência ao Papa que os países católicos (no entanto cerca de 20% ou 30% da população é católica). Ainda assim, não deixo de observar como a opinião pública aqui é activa a forte. Sensível.
No espaço deste ano alguns eventos políticos causaram escândalo entre os cidadãos, obrigando à tomada de medidas. Quando se descobriu, por exemplo, que os deputados declaravam despesas a mais, recebendo subsídios que não lhes eram devidos, a reacção das pessoas, de total choque, obrigou a uma investigação formal que durou meses e obrigou os deputados a devolver cada cêntimo. Os escândalos têm consequências políticas porque o público é sensível a eles. Imediatamente aponta o dedo, faz barulho.
O mesmo se passa agora com o Papa. São inúmeros os programas de TV, as crónicas, os artigos, que falam dos casos de pedofília. Sabia o Papa deles? O que fez para os travar? Que atitude teve perante o seu conhecimento? Devemos mesmo pagar 12 milhões de libras para receber este homem com toda a pompa? A resposta é unanime: Não. Ainda assim o Estado, por óbvias razões políticas, seguiu em frente. Não duvido que essa atitude lhes vá custar votos.
E ao ler tudo isto, opinião trás de opinião, lembro-me da visita do Papa a Portugal. Lembro-me de estar de boca aberta em frente ao computador, a ver aquele mar de gente excitada, comovida, a aplaudir. Da total reverência ao Papa mais reaccionário até à data.
Não consigo evitar pensar que Portugal tem falta deste sentido cívico. Portugal não se indigna com nada. É um torpor. E isso é uma pena.
É importante referir que o Reino Unido é uma nação maioritariamente protestante, e portanto não têm a mesma reverência ao Papa que os países católicos (no entanto cerca de 20% ou 30% da população é católica). Ainda assim, não deixo de observar como a opinião pública aqui é activa a forte. Sensível.
No espaço deste ano alguns eventos políticos causaram escândalo entre os cidadãos, obrigando à tomada de medidas. Quando se descobriu, por exemplo, que os deputados declaravam despesas a mais, recebendo subsídios que não lhes eram devidos, a reacção das pessoas, de total choque, obrigou a uma investigação formal que durou meses e obrigou os deputados a devolver cada cêntimo. Os escândalos têm consequências políticas porque o público é sensível a eles. Imediatamente aponta o dedo, faz barulho.
O mesmo se passa agora com o Papa. São inúmeros os programas de TV, as crónicas, os artigos, que falam dos casos de pedofília. Sabia o Papa deles? O que fez para os travar? Que atitude teve perante o seu conhecimento? Devemos mesmo pagar 12 milhões de libras para receber este homem com toda a pompa? A resposta é unanime: Não. Ainda assim o Estado, por óbvias razões políticas, seguiu em frente. Não duvido que essa atitude lhes vá custar votos.
E ao ler tudo isto, opinião trás de opinião, lembro-me da visita do Papa a Portugal. Lembro-me de estar de boca aberta em frente ao computador, a ver aquele mar de gente excitada, comovida, a aplaudir. Da total reverência ao Papa mais reaccionário até à data.
Não consigo evitar pensar que Portugal tem falta deste sentido cívico. Portugal não se indigna com nada. É um torpor. E isso é uma pena.
Filme
Quando caminho pela rua de phones nos ouvidos vejo o mundo como um filme. As ruas pouco perfeitas, o lixo nos cantos, os carros que passam. Constato que o coração acelera quando os pés pisam algumas pedras. O coração é um ginasta profissional, estica e encolhe, alonga e dobra-se que nem roupa num simples passeio citadino. E eu vejo, tão claramente, como somos personagens, como fazemos parte desta produção barata de filme para adolescentes. Filme que nos consola após um dia de trabalho. Filme onde rimos, bebemos, cozinhamos, discutimos, fazemos as pazes. Filme com histórias de amor e de escândalo e de segredo. Filme com amigos-família, filme cheio, cheio de adeus, de despedidas terríveis, de incerteza. Filme de suspanse, em que cada dia é um dia e o seguinte um mistério. Filme de bolha de sabão, onde vamos de um sítio para outro, mas sempre os mesmos sítios. Filme depressivo e filme de alegria extrema. Filme de extremos. Filme de limbo.
domingo, 12 de setembro de 2010
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
O urso
Não urso de idiota. Urso de grande, de ameaçador, de altivo.
E eu, que pequena e frágil encosto a cara à sua pata gigante de garras afiadas. Encosto a cara num gesto carinhoso, uma festa, um beijo. Qual cachorinho brincalhão que não entende o perigo. E abraço o urso grande e desajeitado. Ele olha-me desarmado e eu rio-me desta sua condição. De ser de ferro, de cara fechada, de seriedade feroz. E de ser de mel, de cara corada, de sorriso com covinhas.
Saudades.
E eu, que pequena e frágil encosto a cara à sua pata gigante de garras afiadas. Encosto a cara num gesto carinhoso, uma festa, um beijo. Qual cachorinho brincalhão que não entende o perigo. E abraço o urso grande e desajeitado. Ele olha-me desarmado e eu rio-me desta sua condição. De ser de ferro, de cara fechada, de seriedade feroz. E de ser de mel, de cara corada, de sorriso com covinhas.
Saudades.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
terça-feira, 24 de agosto de 2010
sábado, 21 de agosto de 2010
A D O R O esta letra
Ladies and Gentlemen of the class of ’99
If I could offer you only one tip for the future, sunscreen would be
it.
The long term benefits of sunscreen have been proved by scientists whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience…
I will dispense this advice now.
Enjoy the power and beauty of your youth; oh nevermind, you will not understand the power and beauty of your youth until they have faded.
But trust me, in 20 years you’ll look back at photos of yourself and recall in a way you can’t grasp now how much possibility lay before you and how fabulous you really looked….You’re not as fat as you imagine.
Don’t worry about the future; or worry, but know that worrying is as effective as trying to solve an algebra equation by chewing bubblegum.
The real troubles in your life are apt to be things that never crossed your worried mind;
the kind that blindside you at 4pm on some idle Tuesday.
Do one thing everyday that scares you
Sing
Don’t be reckless with other people’s hearts, don’t put up with people who are reckless with yours.
Floss
Don’t waste your time on jealousy; sometimes you’re ahead, sometimes you’re behind…the race is long, and in the end, it’s only with yourself.
Remember the compliments you receive, forget the insults; if you succeed in doing this, tell me how.
Keep your old love letters, throw away your old bank statements.
Stretch
Don’t feel guilty if you don’t know what you want to do with your life…the most interesting people I know didn’t know at 22 what they wanted to do with their lives, some of the most interesting 40 year olds I know still don’t.
Get plenty of calcium.
Be kind to your knees, you’ll miss them when they’re gone.
Maybe you’ll marry, maybe you won’t,
maybe you’ll have children, maybe you won’t,
maybe you’ll divorce at 40,
maybe you’ll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary…
what ever you do, don’t congratulate yourself too much or berate yourself either – your choices are half chance, so are everybody else’s.
Enjoy your body,
use it every way you can…don’t be afraid of it, or what other people think of it, it’s the greatest instrument you’ll ever own..
Dance…even if you have nowhere to do it but in your own living room.
Read the directions, even if you don’t follow them.
Do NOT read beauty magazines, they will only make you feel ugly.
Get to know your parents, you never know when they’ll be gone for good.
Be nice to your siblings; they are the best link to your past and the people most likely to stick with you in the future.
Understand that friends come and go,but for the precious few you should hold on.
Work hard to bridge the gaps in geography and ifestyle because the older you get, the more you need the people you knew when you were young.
Live in New York City once, but leave before it makes you hard;
live in Northern California once, but leave before it makes you soft.
Travel.
Accept certain inalienable truths, prices will rise, politicians will philander, you too will get old, and when you do you’ll fantasize that when you were young prices were reasonable, politicians were noble and children respected their elders.
Respect your elders.
Don’t expect anyone else to support you.
Maybe you have a trust fund, maybe you have a wealthy spouse; but you never know when either one might run out.
Don’t mess too much with your hair, or by the time you're 40, it will look 85.
Be careful whose advice you buy, but, be patient with those who supply it.
Advice is a form of nostalgia, dispensing it is a way of fishing the past from the disposal, wiping it off, painting over the ugly parts and recycling it for more than it’s worth.
But trust me on the sunscreen…
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